Bloomberg — Os brasileiros mais bem pagos sentiram os efeitos da inflação acelerada do Brasil em fevereiro, já que os custos crescentes com educação, aplicativos de carona e turismo tiveram um impacto maior no orçamento de brasileiros ricos que podem viajar e mandar seus filhos para escolas particulares.
O custo de vida saltou 1,07% em relação a janeiro para a faixa de renda mais alta do país, em comparação com 1% ou um pouco menos do que para os de baixa renda, de acordo com um relatório publicado na quarta-feira (16) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Diferença de preço no Brasil
Os brasileiros de baixa renda experimentaram taxas de inflação mais aceleradas durante a maior parte dos últimos 12 meses, quando produtos básicos e combustíveis lideraram os aumentos de preços. A alta dos alimentos e do petróleo tornou-se uma das maiores dores de cabeça do presidente Jair Bolsonaro no período que antecede sua campanha de reeleição.
Ainda assim, a inflação de fevereiro, que ficou em 1,01% em relação ao mês anterior segundo o IPCA, se espalhou por diversos produtos e serviços e afetou todas as faixas de renda, com forte pressão também de alimentos e bebidas mais caros.
Nos últimos 12 meses, os mais pobres do país sofreram com uma inflação de 10,9%, acima dos 10,54% medidos pelo IPCA. O aumento dos custos de habitação e energia foram os maiores contribuintes.
As apostas em futuros aumentos de preços ao consumidor saltaram ainda mais acima da meta, à medida que as commodities globais subiram após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Nesta quarta, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros pela nona vez consecutiva. O Copom determinou uma alta de 1,0 ponto percentual na Selic, para 11,75%, o maior nível desde fevereiro de 2017, em linha com as expectativas do mercado.
--Com a colaboração de Maria Eloisa Capurro.
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