Covid: Casos na Alemanha batem recorde com restrições prestes a expirar

País começou a diminuir as restrições sanitárias e a maioria das medidas restantes deve expirar no domingo

Taxa de infecção tem novo recorde pelo sexto dia consecutivo
Por Ian Rogers
17 de Março, 2022 | 11:58 AM

Bloomberg — A Alemanha registrou um número recorde de novos casos de covid-19 na quinta-feira (17), elevando a taxa de infecção a um novo recorde pelo sexto dia consecutivo e alertando sobre os planos de suspender quase todas as restrições restantes neste fim de semana.

O chanceler Olaf Scholz deve conversar com líderes regionais sobre as estratégias para a pandemia ainda nesta quinta-feira (17), com a guerra da Rússia contra a Ucrânia também na agenda. Embora haja pouco apetite para retomar a imposição de restrições em todo o país enquanto as taxas de hospitalização permanecerem sob controle, alguns dos 16 primeiros-ministros estaduais estão insatisfeitos com o ritmo acelerado de afrouxamento das medidas. A câmara baixa do parlamento deve aprovar a legislação que flexibiliza as medidas sanitárias na sexta-feira (18).

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“Este não é um processo gradual. É simplesmente um salto para o desconhecido”, disse o primeiro-ministro da Baviera, Markus Soeder, na quinta-feira (17), em entrevista à rádio Deutschlandfunk. “O ministro da Saúde alerta todos os dias sobre ondas novas e perigosas e, ao mesmo tempo, busca a maior flexibilização que já tivemos”, acrescentou. “Isso não faz sentido”.

A Alemanha começou a diminuir as restrições sanitárias relacionadas à covid no mês passado e a maioria das medidas restantes deve expirar no domingo (20). Alguns estados, incluindo a capital Berlim, disseram que irão manter as restrições em vigor até o final deste mês. O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, alertou repetidamente contra uma postura complacente em relação à doença e disse no domingo (20) que o surto pode causar “muitas mortes”.

A invasão da Ucrânia pela Rússia mudou a dinâmica para os políticos. Os cidadãos se cansaram dos transtornos causados por mais de dois anos de medidas pandêmicas e estão relativamente menos preocupados. Uma pesquisa publicada na quinta-feira (17) mostrou que 86% dos entrevistados disseram que a guerra é uma questão importante, em comparação com 53% preocupados com a pandemia.

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Nas 24 horas anteriores, houve quase 300.000 novas infecções, o maior número desde o início da pandemia, há dois anos, segundo dados do instituto de saúde pública, RKI. A taxa de incidência de sete dias por 100.000 pessoas vem subindo desde o início deste mês e agora está em 1.651,4, informou o RKI.

A Alemanha não teve uma queda acentuada na transmissão observada em outros países, como o Reino Unido e os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o número de casos de covid em unidades de terapia intensiva está em menos da metade do nível do final do ano passado.

Regras para áreas com alto índice de contaminação

Os números crescentes de infecção são em parte devido à disseminação da subvariante BA.2, da cepa ômicron, altamente infecciosa - mas aparentemente menos mortal. Agora ela é responsável por cerca de metade dos casos de covid na Alemanha, de acordo com o RKI.

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A campanha de vacinação da Alemanha foi interrompida nos últimos meses, e os legisladores do Bundestag ainda nesta quinta-feira (17) debaterão propostas para a introdução da vacinação obrigatórias contra a covid.

Na quarta-feira (16), pouco menos de 76% da população estava vacinada contra o vírus, segundo dados do Ministério da Saúde, deixando sem proteção cerca de 15,6 milhões de pessoas acima dos quatro anos de idade. Cerca de 2,7 milhões de alemães com 60 anos ou mais não foram vacinados.

“Chegou a hora de suspender as restrições, mas os estados querem por unanimidade proteção básica”, disse o primeiro-ministro da Renânia do Norte-Vestfália, Hendrik Wuest, em entrevista à televisão ARD, na quinta-feira (17). O governo deve estabelecer regras claras para “áreas com alto índice de contaminação” e quando e como isso desencadearia novas restrições, disse ele.

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– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, localization specialist da Bloomberg Línea.

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