Bolsonaro lança plano social de R$ 165 bi de olho nas eleições

Governo vai liberar saques de R$ 1.000 do FGTS, antecipar para abril o pagamento do 13º salário e garantir empréstimos para trabalhadores

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Bloomberg — O presidente Jair Bolsonaro (PL) apresenta um pacote de medidas sociais que injetará R$ 165 bilhões na economia, enquanto redobra os esforços para aumentar o apoio às eleições deste ano.

O governo vai liberar saques de R$ 1.000 do FGTS, antecipar para abril o pagamento do 13º salário e garantir empréstimos para trabalhadores com dificuldades de acesso a crédito, segundo pessoas a par do assunto. O plano, que terá efeito pequeno nas contas públicas, é focado nos mais pobres e na classe média e será anunciado em um evento no palácio presidencial na quinta-feira.

Bolsonaro faz os anúncios num momento desafiador para a economia, em meio à invasão russa na Ucrância e aumento de preços de alimentos e combustíveis. A inflação está subindo bem acima da meta, o desemprego tem caído lentamente e o PIB deve crescer apenas 0,5% este ano. O presidente está atrás de seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em todas as principais pesquisas eleitorais, mas tem apresentado crescimento nas últimas semanas.

Durante a cerimônia, Bolsonaro defendeu as medidas que já tomou de redução de carga tributária. “A melhor maneira de atender a todos no Brasil é diminuindo impostos, que todos são beneficiados”, declarou.

Preço dos Combustíveis

O pacote é apresentado uma semana depois que a Petrobras elevou os preços dos combustíveis em até 25% e a invasão da Ucrânia pela Rússia provoca aumento global nas commodities. Para amortecer o impacto sobre os consumidores, o governo patrocinou no Congresso um projeto que reduz os impostos sobre o diesel e o gás de cozinha, e Bolsonaro quer fazer o mesmo com a gasolina.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, se opõe a essa proposta, ressaltando que os cortes de impostos juntos custariam aos cofres públicos R$ 46 bilhões. Em vez disso, se a guerra na Ucrânia persistir, sua equipe consideraria um decreto aumentando o valor pago por meio do Auxílio Brasil para ajudar famílias pobres a enfrentar os custos mais altos de combustível, segundo duas pessoas a par do assunto que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas.

Bolsonaro prepara ainda outras medidas a serem anunciadas nas próximas semanas. Seu governo pretende modernizar as regras para o trabalho remoto e também para os trabalhadores de aplicativos, disseram pessoas com conhecimento do assunto. Ele também terá que decidir se destinará R$ 1,7 bilhão para reajustes salariais de servidores públicos.

A questão financeira está no centro das preocupações dos eleitores. Pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Genial/Quaest mostra que 51% dos entrevistados identificaram a economia como o principal problema do Brasil, muito à frente da pandemia e da saúde, citadas por 12%, questões sociais, por 11% e corrupção, por 10%.

Auxílio Brasil

Entre os entrevistados que votaram em Bolsonaro em 2018 e atualmente recebem Auxilio Brasil, 23% disseram que o governo está pior do que o esperado, abaixo dos 45% de fevereiro. Enquanto isso, 31% disseram que o governo está indo melhor do que o esperado, acima dos 25% anteriores.

Ao considerar o quadro geral de entrevistados, 49% disseram ter uma impressão negativa do governo Bolsonaro, enquanto 24% tiveram uma visão positiva.

“A proposta de curto prazo de Bolsonaro é um projeto de reeleição com uso do recurso público para financiar a possibilidade de ter mais votos”, disse Tania Bacelar, sócia da consultoria Ceplan. “Todos os sinais são de que a gente vai ter um 2022 muito difícil. Portanto, acho que economia vai estar no centro do debate da eleição. Espero que esteja.”

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