Bloomberg — A Alemanha planeja fazer empréstimos adicionais de pelo menos 200 bilhões de euros (US$ 220 bilhões) em 2022 para financiar um fundo para modernizar as forças armadas locais, juntamente com dívidas já planejadas para proteção climática e outras iniciativas.
A mais recente onda de empréstimos marca o terceiro ano consecutivo em que a Alemanha violou os limites constitucionais da dívida, e destaca também como o novo governo está preparado para adotar uma abordagem mais flexível dos gastos.
No orçamento federal de 2022 - aprovado na quarta-feira (16) pelo gabinete - o governo tem como meta 99,7 bilhões de euros em novos empréstimos, mas o número final provavelmente será ainda maior. Outros 100 bilhões de euros virão para a defesa.
Tanto o chanceler Olaf Scholz quanto o ministro das Finanças, Christian Lindner, deixaram claro que serão necessários ajustes para lidar com as consequências econômicas da guerra da Rússia na Ucrânia. Isso se somaria aos planos de gastar bilhões de euros para combater as mudanças climáticas e compensar os efeitos persistentes da pandemia de coronavírus na maior economia da Europa.
Os gastos com defesa estão fora do orçamento federal em um chamado “fundo especial”. Scholz anunciou a decisão surpresa de alocar 100 bilhões de euros para reforçar as capacidades militares da Alemanha em um discurso ao parlamento no mês passado. Após anos de investimentos restritos em segurança, a Alemanha pretende atingir e até exceder a meta da OTAN para gastos militares de 2% da produção econômica a cada ano.
O fundo de defesa e os planos orçamentários de Lindner até 2026 também foram aprovados no gabinete na quarta-feira. No próximo ano, o governo planeja restaurar o chamado “freio da dívida” e os novos empréstimos devem encolher para 7,5 bilhões de euros.
O movimento da Alemanha sobre seus gastos com defesa foi bem recebido pelos Estados Unidos e aliados europeus, desta vez como uma reviravolta há muito esperada na política de segurança. Berlim foi vista como finalmente subindo no cenário global após décadas de contenção devido ao papel do país em duas guerras mundiais.
Scholz quer tornar o fundo legalmente impermeável ao adicioná-lo à Constituição da Alemanha, para a qual é necessária uma maioria de dois terços em ambas as câmaras do parlamento.
Os conservadores da oposição liderados pelo presidente da União Democrata Cristã, Friedrich Merz, já sinalizaram apoio. Os legisladores disseram esperar que o fundo de defesa seja aprovado rapidamente nas próximas semanas, com o objetivo de obter as primeiras parcelas de dinheiro já em abril.
Os 100 bilhões de euros serão gastos nos próximos anos e se somarão ao orçamento regular do governo federal, no qual cerca de 50 bilhões de euros são destinados a gastos militares e de defesa a cada ano.
Marcus Faber, especialista em defesa dos Democratas Livres de Lindner, disse à Bloomberg na terça-feira (15) que o governo planeja gastar 15 bilhões de euros em 50 novos caças.
Outros gastos provavelmente incluirão cerca de 20 bilhões de euros em munição e renovação de equipamentos militares, mais de 5 bilhões de euros em novos helicópteros de carga e cerca de 4 bilhões de euros para a modernização e compra de veículos blindados.
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