Fed anuncia aumento de juros pela primeira vez em quase quatro anos

Taxa dos Fed Funds foi elevada para o intervalo entre 0,25% e 0,5%, como esperado

Fedeal Reserve
16 de Março, 2022 | 03:02 PM

Bloomberg Línea — O Federal Reserve, banco central americano, decidiu elevar a taxa de juros americana para o intervalo entre 0,25% e 0,5%, sinalizando outros seis aumentos similares este ano, conforme comunicado divulgado nesta quarta-feira (16).

Esse é o primeiro aumento de juros pelo banco central americano em mais de três anos e vem na esteira da inflação alta nos Estados Unidos, potencializada agora pela pressão nas cadeias de produção por conta da guerra na Ucrânia.

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A decisão veio após uma reunião de dois dias em Washington D.C., a primeira realizada pessoalmente - e não por videoconferência - desde a começou a pandemia.

  • A taxa dos Fed Funds foi elevada do intervalo de 0,0% e 0,25% para 0,25% a 0,5%, como esperado pelo mercado.
  • Dirigentes do Fed veem a taxa Fed Funds em uma mediana de 2,8% no final de 2023

Comunicado do Fomc, o comitê de política monetária dos EUA

De acordo com o comunicado que acompanha a decisão, as pressões inflacionárias permanecem altas devido a dificuldades de oferta e pandemia.

  • A implicação da guerra russa é altamente incerta para a economia dos EUA, aponta o documento, e exercerá uma pressão ascendente adicional sobre a inflação

Os formuladores de política monetária liderados pelo presidente Jerome Powell votaram por 8 a 1 para elevar a taxa básica, após dois anos mantendo os custos de empréstimos próximos de zero para proteger a economia da pandemia.

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  • O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, discordou a favor de um aumento de meio ponto, o primeiro voto contra uma decisão desde setembro de 2020.

No chamado gráfico de pontos do Fed, a projeção mediana das autoridades era de que a taxa de referência terminasse 2022 em cerca de 1,9% - em linha com as apostas dos traders, mas acima do previsto anteriormente - e depois subisse para cerca de 2,8% em 2023.

  • No comunicado, consta que “a invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas”.
  • “As implicações para a economia dos EUA são altamente incertas, mas no curto prazo a invasão e os eventos relacionados provavelmente criarão uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e pesarão na atividade econômica”.

O Fed disse ainda que começaria a permitir que seu balanço patrimonial de US$ 8,9 trilhões encolhesse em uma “próxima reunião”, sem dar detalhes. As compras de títulos do Tesouro e títulos garantidos por hipotecas, concluídas este mês, destinavam-se a dar suporte à economia durante a crise da covid-19 e o encolhimento do balanço acelera a retirada dessa ajuda.

De olho em Powell

Nas últimas comunicações do banco central americano, o presidente Jerome Powell, já havia sinalizado que a alta inflação no mundo, que impacta as cadeias globais de suprimentos, e o recente estouro da guerra da Ucrânia, que deve piorar ainda mais o cenário, seriam justificativas para a elevação da taxa.

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Mais tarde, aqui no Brasil será a vez do Banco Central definir a nova taxa de juros básica, a Selic, que deve subir outros 0,75%, segundo economistas ouvidos pela Bloomberg Línea.

--Com informações da Bloomberg News

--Com a colaboração de Toni Sciarretta

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.