Tether: apostas na stablecoin reacendem discussão sobre cripto mais negociada

Mais negociada que Bitcoin, Tether traz riscos, mas é queridinha dos cripto-nativos – investidores que começaram a atividade pelas criptomoedas

Esta é uma stablecoin cujo preço está atrelado ao dólar, sendo uma alternativa para as oscilações do Bitcoin
Por Yueqi Yang e Muyao Shen
16 de Março, 2022 | 12:31 PM

Bloomberg — O renovado interesse de fundos de hedge tradicionais em vender Tether a descoberto ressalta a dificuldade em apostar contra a stablecoin que serve de base para grande parte das negociações no mercado de criptomoedas.

Está em jogo não apenas o valor de mercado de US$ 80 bilhões do Tether, mas também a ampla gama de negociações facilitadas pelo Tether no mercado de criptomoedas. A Fir Tree Capital Management está fazendo uma venda a descoberto substancial de Tether, prevendo que pode ganhar com a aposta dentro de um ano, segundo reportagem da Bloomberg na semana passada.

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Para investidores institucionais, existem duas principais maneiras de entrar na aposta. Primeiro, um fundo pode tomar Tether emprestado de um formador de mercado, usando outros ativos como Bitcoin e dólares como garantia.

Ele pode então virar um vendedor de Tether, esperando comprar a criptomoeda de volta com desconto quando o Tether cair abaixo de sua indexação de um para um em relação ao dólar e devolvê-lo ao credor enquanto embolsa a diferença. Dependendo do nível de garantia, os fundos chegam a tomar Tether a um custo de 12%, de acordo com empresas de cripto.

Alternativamente, os fundos de hedge podem recorrer a produtos derivativos. Por exemplo, eles podem comprar uma opção de venda, o que lhes dá o direito - mas não a obrigação - de vender Tether a um certo preço em uma data posterior. Se o Tether cair, a opção de venda se torna lucrativa.

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Durante anos, o Tether foi alvo de especulação que a moeda não era lastreada por dólares ou ativos equivalentes ao dólar, um para um, conforme alegado. Por conta disso, vender Tether a descoberto para muitas empresas financeiras tradicionais como a Fir Tree parece um negócio óbvio. A Fir Tree não quis comentar.

No entanto, como a mais negociada criptomoeda do mundo, à frente até do Bitcoin, o Tether também tem sobrevivido a vários incidentes negativos, incluindo uma multa de quase US$ 43 milhões da Commodity Futures Trading Commission, reguladora de derivativos nos Estados Unidos.

Opiniões opostas

Nos dois lados da aposta estão participantes do mercado com visões opostas, muitas vezes moldadas por sua formação e localização geográfica.

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Enquanto alguns investidores tradicionais nos EUA veem o Tether como um ativo lastreado por reservas e se preocupam com seu perfil de risco, os chamados cripto-nativos que se tornaram investidores através de criptomeodas, especialmente na Ásia, o veem como um instrumento para liquidar pagamentos e se sentem confortáveis em mantê-lo no balanço, disse Joshua Lim, chefe de negociação de derivativos da Genesis Global Trading.

 Fonte: Kaiko

O BKCoin Capital, fundo de cripto, já tentou vender o Tether a descoberto, mas não conseguiu encontrar uma contraparte disposta a aceitar o negócio, disse seu diretor fundador, Kevin Kang. A recente aposta da Fir Tree mostra que o mercado de criptomoedas está diferente de alguns anos atrás, com crescente participação institucional.

“O que mudou é o tipo de participante que entra no mercado”, disse Kang. “Não havia muitos gestores multibilionários no mercado fazendo negócios de US$ 100 milhões, mas agora é comum”.

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