SLC cresce e mira pecuária como diversificação dos negócios

Maior produtora de grãos do Brasil deve ampliar rebanho bovino em 25% neste ano, mas vê potencial para chegar a 100 mil cabeças nos próximos anos

Maior em agricultura, SLC deve acelerar investimento para expandir produção de gado
16 de Março, 2022 | 06:45 PM

Bloomberg Línea — Maior produtora agrícola do Brasil, a SLC (SLCE3) enxerga na pecuária de corte o caminho para diversificar sua atividade. Focada no plantio de soja, milho e algodão, a empresa gaúcha tem investido no crescimento do seu rebanho nos últimos anos e deve intensificar as apostas para os próximos. Já para 2022 a empresa pretende alcançar um número entre 34 mil e 35 mil cabeças de gado, um crescimento de aproximadamente 25% em comparação com as 28 mil cabeças que encerraram o ano passado.

No ano passado, a receita gerada a partir da comercialização de 13,28 mil cabeças de gado foi de modestos R$ 59,37 milhões. Apesar de ainda ser pequeno e representar menos de 1,5% da receita total da companhia, a expectativa é que esse cenário possa se aproximar do mesmo peso que o milho tem hoje para o grupo em termos de receita. Apesar de pequena, a receita da pecuária foi a que mais cresceu no ano passado em termos percentuais em comparação ao ano anterior.

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Temos um potencial para chegar a 100 mil cabeças nos próximos anos, em um negócio que pode chegar a R$ 500 milhões e R$ 600 milhões por ano”, disse Aurélio Pavinato, presidente da companhia, durante a apresentação dos resultados trimestrais na tarde de hoje. Segundo o executivo, existem áreas onde o solo não é tão favorável para a agricultura e a pecuária já ocupa, mas a criação de gado por ser considerada uma espécie de terceira safra.

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No ano passado, a SLC encerrou o ano com um lucro líquido de R$ 1,13 bilhão, resultado que foi duas vezes e meia maior do que o obtido em 2020. Com uma receita de R$ 4,36 bilhões, o faturamento da companhia aumentou 24,5%, enquanto seu Ebitda mais do que dobrou de tamanho e alcançou R$ 2,05 bilhão.

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Parte importante do resultado do ano passado se deve a dois grandes negócios realizadas pela companhia em 2021. O primeiro foi a incorporação das terras pertencentes à Terra Santa Agro, que deixou de produzir e passou a atuar no negócio de compra e venda de terras. Assim, suas áreas em produção foram arrendadas para a SLC por 20 anos e garantiram à empresa gaúcha uma área adicional de 145 mil hectares em Mato Grosso. O segundo foi o contrato de arrendamento fechado com a Agrícola Xingú, com uma área plantada potencial de 45 mil hectares na Bahia e em Minas Gerais e prazos, respectivamente de 15 e 10 anos.

Bastante exposta ao que acontece com os preços dos grãos e também com seus insumos, Pavinato disse que o ano de 2022 já está dado. Segundo ele, os custos da safra que está sendo colhida ficaram sob controle e as margens da companhia neste ano serão similares a 2021 ou até mesmo superiores. Mas para 2023 ainda existem incertezas. “Já compramos metade dos fertilizantes que precisamos para a safra de 2023 a preços considerados adequados, mas não sabemos quanto vamos pagar na outra metade. Tudo ainda vai depender da guerra entre Rússia e Ucrânia”, diz o executivo. Para ele, os custos do próximo plantio certamente serão maiores do que os do ano anterior, mas, a expectativa é que os preços em alta compensem esse aumento.

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Hoje, as ações da companhia terminaram o dia em queda de 2,13%, segundo a forte desvalorização dos preços da soja e do milho no mercado internacional. Contudo, nos últimos 30 dias, é uma das poucas que acumulam ganhos entre os papéis das empresas ligadas ao agronegócio.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.