Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16) elevar a taxa básica de juros pela nona vez consecutiva. O Copom determinou uma alta de 1,0 ponto percentual na Selic, para 11,75%, o maior nível desde fevereiro de 2017, em linha com as expectativas do mercado.
No comunicado, o BC aponta que deve fazer um novo aumento de juros da mesma magnitude e levar a política monetária a um território ainda mais contracionista. “Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude”, disse o BC em nota.
Segundo a autoridade monetária, os passos futuros do aperto poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.
“O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, disse.
No comunicado, o BC admitiu que os prêmio de risco e os preços dos ativos podem ser afetados por “políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda” ou piorem a trajetória fiscal. “Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mas considera que esse risco está sendo parcialmente incorporado nas expectativas de inflação e preços de ativos utilizados em seus modelos”, disse.
Para economistas, o tom do comunicado veio mais duro do que a própria decisão de aumento de juros de 1 ponto percentual e a sinalização de outra alta da mesma magnitude:
- “O comunicado pós-reuniao trouxe um tom mais duro, mais hawkish do que o resultado. A inflação continua surpreendendo negativamente e a recente alta nos preços das commodities trouxe ainda mais incertezas para o quadro futuro da inflação, com as projeções sendo revisadas para cima constantemente. O BC pontuou que uma piora adicional no quadro no quadro fiscal, via aumento de gastos e queda da arrecadação, foi também fundamentais para a decisão”, disse Fernanda Consorte, economista chefe do Banco Ourinvest.
- Devemos ver o real se apreciando amanhã no choque entre a decisão de agora do BC e mais cedo do Fed. Mantemos nossa projeção de dólar a R$ 5,00 ao final de 2022. O Comunicado da decisão do Copom aponta para uma série de desafios onde impera uma volatilidade maior que a usual. Neste sentido, a autoridade monetária já ante vê mais uma alta de 100 pontos. Acreditamos que o BC deve elevar a taxa até os 13,25%, ou seja, além de mais uma alta de 100 pontos em maio teremos outra alta em junho de 50 pontos base”, disse André Perfeito, economista da Necton.
IPCA em 6,45%
As apostas de alta de juros foram reforçadas nos últimos dias pelo reajuste dos preços dos combustíveis pela Petrobras (PETR3) (PETR4). A projeção para o IPCA na última pesquisa Focus antes do Copom avançou de 5,65% para 6,45%, enquanto a inflação implícita de dois anos atingiu 6,68%.
A maioria dos 30 economistas pesquisados pela Bloomberg previa que o Copom elevaria a Selic de 10,75% para 11,75%, mas dois esperavam alta para 12% e outros dois estimavam que o ritmo de 1,5 pp seria mantido, levando a taxa para 12,25%.
Mais cedo, o Federal Reserve também elevou os juros básicos americanos pela primeira vez em quase quatro anos. A taxa foi para o intervalo entre 0,25% e 0,5% e o Fed sinalizou mais seis aumentos similares ao longo deste ano. Ao comentar a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a “economia está muito forte e bem posicionada para lidar com uma política monetária mais rígida”. Ele também observou que a probabilidade de uma recessão “não é particularmente elevada”.
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