Vittude capta US$ 7 milhões em Série A para saúde mental corporativa

A empresa cresceu a receita em 12 vezes desde o começo da pandemia de Covid-19

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude
15 de Março, 2022 | 09:30 AM

A startup de saúde mental como benefício corporativo Vittude anunciou nesta terça-feira (15) que captou US$ 7 milhões (R$ 35 milhões) em uma rodada Série A liderada pela Crescera Capital (empresa de investimentos carioca, antiga Bozano Investimentos), com participação da Endeavor Scale Up Ventures e a Redpoint eventures, que já era investidora da startup.

A Vittude nasceu como plataforma B2C de atendimento para saúde mental online, em 2016. Engenheira de formação, Tatiana Pimenta, CEO da startup, decidiu criar a plataforma depois que ela foi diagnosticada com depressão.

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Em 2018, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a síndrome de burnout iria ser uma CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) a partir de 2020, Pimenta diz que se atentou a esse movimento para o negócio. E as empresas que prestaram atenção ao alerta procuraram a Vittude para obter atendimentos corporativos.

A Redpoint investiu US$ 1,2 milhão na Vittude em novembro de 2019, o que fez a startup estruturar a máquina de vendas para clientes corporativos. Na época, a Vittude tinha seis clientes. “Montamos a jornada com a proposta de valor, saímos de uma empresa que tinha alguns contratos para hoje ter mais de 150 clientes e 60 mil vidas sob gestão, com contratos como o Banco do Brasil, Boticário, L’Oréal”, disse a CEO.

Agora, com a Série A, Pimenta pretende botar o pé no acelerador para chegar em 500 empresas e atingir 3 milhões de pessoas. O dinheiro será usado na contratação de pessoas de nível sênior e na evolução do produto, que tem uma estrutura de machine learning para fazer a predição de dados relevantes para clientes corporativos e evitar adoecimento de empregados. O programa identifica padrões que levem à ansiedade ou ao Burnout, por exemplo.

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O objetivo da Vittude é que o funcionário não adoeça. E isso não é só um benefício para a saúde do funcionário, mas também para o financeiro da empresa, segundo Pimenta. “Se você ja está em um grau severo, você tem dificuldade de concentração e foco. Uma pessoa que não consegue levantar da cama, não consegue sequer ir ao ambiente de trabalho”.

Além disso, em janeiro deste ano, a OMS classificou o Burnout como uma doença do trabalho. O que, segundo Pimenta, é um alerta para empresas porque isto passa a fazer parte da regulamentação de doenças relacionadas à atividade laboral. E, pela pela legislação brasileira, quando um funcionário é afastado do trabalho por conta de uma doença laboral, há consequências para o empregador. “Se eu me afasto por causa do trabalho, o funcionário pode processar a empresa e requerer danos materiais. Além disso, o empregador precisa pagar 12 meses de estabilidade para esse funcionário, o que impacta o caixa da empresa”, explica.

A proposta da Vittude é que as empresas invistam na saúde mental dos seus colaboradores como um meio de evitar passivos trabalhistas, em que um único processo pode gerar uma perda de R$ 1 milhão. “Não cuidar acaba sendo mais caro”, disse a CEO.

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Desde o início da pandemia de Covid-19, a startup cresceu a receita em 12 vezes. A Vittude é remunerada pelas empresas com uma taxa de acesso. O cliente contrata o serviço da startup por um ou dois anos, e a Vittude oferece seu serviço de terapia e educação para saúde mental para todos os funcionários daquela corporação. A empresa cliente pode subsidiar o custo da consulta de maneira integral, ou pagar apenas parte. “Temos comprovações que empresas que pagaram integralmente as sessões tiveram melhores resultados”, disse Pimenta.

A Vittude desenvolve a comunicação da educação emocional junto com a área de recursos humanos da empresa cliente para que os funcionários entendam o porquê de fazer terapia. “A equipe atua com workshops para que os funcionários saibam como construir um ambiente seguro e como prevenir o adoecimento de si mesmo. Vemos que quadros de burnout são mais comuns em cargos de direção do que operacionais, já que há estresse com a pressão do conselho e de clientes”.

Quando uma empresa entra em contato com a equipe de vendas da Vittude, Pimenta explica que a startup faz um diagnóstico da empresa para entender se já existem funcionários doentes e em qual área, ou se o serviço entrará como um benefício para agregar à marca empregadora e atrair e reter talentos.

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Além da parte educacional, a Vittude opera com sessões de terapia online com psicólogos. A startup não trabalha com psiquiatras. O psicólogo aplica para ser profissional da Vittude. Segundo Pimenta, o algoritmo da startup analisa o perfil do profissional para criar um ranking e apenas os 3% melhores dos inscritos estão aptos a fazer atendimentos. Esses profissionais são aprovados pelo time de psicologia da saúde da Vittude e pagam uma assinatura para terem seu perfil cadastrado na startup porque isso agrega a eles uma renda mensal recorrente e uma grande base de clientes.

Segundo Pimenta, o serviço não é restrito ao B2B. Alguns psicólogos trazem pacientes para a plataforma para aproveitar o prontuário eletrônico e o serviço financeiro, o que ajuda na gestão da clínica.

Para os próximos 12 meses, a Vittude pretende triplicar a receita e pelo menos dobrar sua base de clientes atual.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups