Bloomberg — Os traders aumentam o apetite por títulos brasileiros indexados à inflação, já que o Banco Central parece inclinado a diminuir o ritmo de aperto monetário, mesmo com as pressões inflacionárias aumentando no mundo todo.
A taxa de breakeven de dois anos – a inflação implícita nos preços no mercado de títulos – subiu para 6,83%, o nível mais alto em seis anos, à medida que os traders trabalham com a sinalização do Banco Central de desacelerar um dos mais agressivos ciclos de aperto monetário do mundo e apostam em uma alta de 1pp na Selic na quarta-feira (16).
Embora a guerra na Ucrânia tenha levado operadores a aumentar momentaneamente as apostas de que o Banco Central pode ignorar sua sinalização anterior, o silêncio das autoridades – que não falaram publicamente desde então – reforçou a visão de que o plano original será mantido.
O Banco Central vem elevando os juros desde o início de 2021 para combater a inflação galopante, aumentando a taxa Selic de 2% para 10,75%. Em sua última reunião em fevereiro, as autoridades anunciaram a terceira alta consecutiva de 150 pontos-base e sinalizaram uma dose menor para a reunião seguinte. Duas semanas depois, a Rússia invadiu a Ucrânia, elevando os preços do petróleo e provocando um aumento generalizado nos rendimentos dos títulos globais.

A visão de que o Banco Central não se curvará ao aumento da pressão inflacionária levou operadores a reprecificar os juros futuros, empurrando para cima o pico e a parte longa da curva. As taxas dos contratos com vencimento em janeiro de 2025 e janeiro de 2027 subiram 110 e 100 pontos-base desde o início do mês.
Se as autoridades confirmarem as expectativas, os traders se concentrarão no tom do comunicado para ajustar as apostas quanto aos próximos passos. A precificação atual na curva de juros é de uma alta do mesmo tamanho em maio, e outro 1pp de aperto potencialmente dividido nas duas reuniões seguintes.
Economistas elevaram as projeções de inflação de 5,65% para 6,45% neste ano e de 3,51% para 3,7% para 2023, de acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central, já que o aumento dos preços do petróleo levou a Petrobras a reajustar os preços dos combustíveis. Embora o governo Bolsonaro esteja cortando impostos sobre combustíveis e buscando medidas adicionais para amenizar o impacto nos preços para o consumidor, qualquer movimento provavelmente terá um grande impacto nas contas fiscais, o que também pressiona os juros futuros.
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