Copom deve subir Selic em ao menos 1 pp e manter tom duro

Apostas de alta foram reforçadas em meio à disparada do petróleo e outras commodities com a invasão da Ucrânia pela Rússia

Maioria dos 30 economistas pesquisados pela Bloomberg prevê que o Copom elevará a Selic de 10,75% para 11,75%
Por Marisa Castellani e Josue Leonel
15 de Março, 2022 | 07:38 AM

Bloomberg — O mercado espera que o Banco Central eleve a Selic na quarta-feira em 1 ponto percentual, para 11,75%, sem descartar decisão mais agressiva, diante da piora do cenário para a inflação.

Os analistas acreditam que o BC adotará um tom hawkish no comunicado da decisão, mas que deixará em aberto a sinalização dos próximos passos, em razão do cenário de incertezas. Na reunião passada, o BC indicou que iria desacelerar o ritmo de aperto.

As apostas em alta de juros foram reforçadas pelo reajuste dos preços dos combustíveis pela Petrobras (PETR3, PETR4), em meio à disparada do petróleo e outras commodities com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A projeção para o IPCA na última pesquisa Focus antes do Copom avançou de 5,65% para 6,45%, enquanto a inflação implícita de dois anos atingiu 6,68%.

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A maioria dos 30 economistas pesquisados pela Bloomberg prevê que o Copom elevará a Selic de 10,75% para 11,75%, mas dois esperam alta para 12% e outros dois estimam que o ritmo de 1,5 pp será mantido, levando a taxa para 12,25%.

  

A curva de juros precifica alta de 115 pontos da Selic nesta semana, com a taxa a 13,75% no fim do ciclo de aperto, em agosto. Na B3, as opções de Selic apontam 65% de chances de alta de 1pp e cerca de 35% de probabilidade de alta maior.

Veja os comentários dos analistas:

Mario Mesquita, economista-chefe do Banco Itaú

  • Com o aumento das pressões inflacionárias e consequente risco de desancoragem de expectativas, Copom deve realizar um aperto mais prolongado que o esperado antes da escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia
  • Selic deve subir 1pp nesta reunião, 0,75 pp em maio e 0,50 pp em junho, encerrando o ciclo em 13,00%
  • Antes da guerra na Ucrânia, Itaú acreditava que a taxa terminaria o ciclo em 12,50%
  • Balanço de riscos ficou mais complexo
  • A pressão adicional vinda dos preços de energia e grãos irá resultar em inflação significativamente mais alta em 2022

Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, economistas do JP Morgan

  • "Embora não possamos descartar um movimento mais hawkish, julgamos que o BC vai elevar a taxa em 1pp e reforçar a comunicação de que vai esperar por maior clareza para decidir o próximo movimento, abrindo espaço para outra alta de 1pp em maio"
  • Em circunstâncias normais, alta da inflação levaria a um aperto mais agressivo, mas BC já elevou o juro em 875 pontos base nos últimos 12 meses, colocando a taxa em território restritivo
  • Também são incertos a extensão do impacto e duração do choque global no crescimento e inflação

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

  • Copom deve elevar a taxa Selic em 1pp; há 30% de chance de um aumento mais ousado, de 1,25pp
    • “Esperamos que o balanço de riscos para a inflação permaneça assimétrico para o lado positivo”
  • Copom provavelmente não oferecerá guidance para reunião de maio; caso ofereça, não deve ser uma sinalização ampla

Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse

  • BC deve elevar juro em 1pp e deixar em aberto o cenário para passos seguintes diante das elevadas incertezas
    • "A possibilidade de uma reversão do aumento nos preços das commodities que produziria trajetória de inflação abaixo do cenário de referência agora está na direção oposta"
  • Estima Selic final a 13,25%, mas cenário desafiador ao longo do ano deve continuar colocando em risco a expectativa para a taxa

Luiz Fernando Figueiredo, sócio fundador da Mauá Capital

  • Possibilidade de +1,25 pp estará na mesa do Copom, mas decisão deve ser de 1pp
  • "BC não pode se antecipar demais; é cedo demais para fazer uma mudança no passo da política monetária"
  • Passo seguinte do BC na política monetária deve ficar em aberto diante de tantas incertezas
  • Autoridade monetária deve deixar claro que vai responder da forma que for necessária, mas que precisa ter mais informações

Vladimir do Vale, estrategista-chefe do CA Indosuez Brasil

  • "Desde o começo do conflito na Ucrânia, passei a esperar 100 pontos de alta e não ficaria surpreso se o BC viesse até com 125 pontos"
  • Brasil não pode se dar ao luxo de postergar um pouco o ajuste de política monetária, porque já estava em processo de lutar para trazer expectativas de volta às metas
  • Caminho mais seguro para o BC no momento é não se afastar do discurso duro sobre a inflação

Roberto Secemski, economista para Brasil do Barclays

  • Prevê que o BC desacelerará o ritmo de aperto monetário para +1pp, embora o tamanho do reajuste dos combustíveis tenha superado as expectativas
    • “Não esperamos que seja muito assertivo em relação ao tamanho de um aumento de maio, preferindo manter algum grau de liberdade, mas é possível que possa aludir a ‘próximos passos’ no plural, sugerindo pelo menos mais dois aumentos depois de março”

Gustavo Brotto, CIO da Greenbay Investimentos

  • "Esperamos uma alta de 1pp no Copom, mas obviamente a chance de 1,25pp aumentou"
  • Copom deveria deixar a decisão seguinte mais dependente de dados, em razão da grande incerteza sobre o cenário, e não sinalizar explicitamente o próximo passo

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