Bloomberg — Encomendas feitas em plataformas globais de comércio eletrônico da Amazon.com (AMZN) e do Walmart (WMT) podem atrasar devido aos lockdowns e ao aumento de restrições em alguns dos principais centros de produção da China, de acordo com um órgão do setor.
Shenzhen, sede de cerca de metade de todos os exportadores de varejo online da China, foi fechada por pelo menos uma semana no domingo (13) para tentar conter um surto em expansão. Seus 17,5 milhões de moradores foram instruídos a trabalhar em casa, com todos os negócios não essenciais e transporte público fechados.
Nas proximidades de Dongguan, um importante centro chinês para a fabricação de sapatos, brinquedos e têxteis, fábricas em áreas onde há casos de vírus foram orientadas a fechar as portas, e escolas e restaurantes já foram fechados.
As medidas estão criando uma interrupção significativa na produção e entrega de mercadorias vendidas pelos principais comércios online, incluindo aqueles administrados pela Amazon.com e pela gigante varejista norte-americana Walmart.
“Shenzhen está em pausa, com as operações interrompidas em quase todos os setores, e nós não somos exceção”, disse Wang Xin, cuja organização representa cerca de 3.000 exportadores na cidade, principal centro de tecnologia da China. Os membros da associação incluem fornecedores de alguns dos produtos online mais vendidos no Ocidente, incluindo a fabricante de acessórios para smartphones Shenzhen Tomtop Technology e a Sailvan Times , fabricante da marca de roupas Ekouaer.
A maior parte da produção foi suspensa em Shenzhen devido ao lockdown e as entregas estão prejudicadas porque as empresas de logística e os armazéns não estão operando ou estão operando com capacidade reduzida, disse Wang em entrevista na segunda-feira (14).
Os vendedores chineses se tornaram onipresentes nas plataformas de compras globais, muitas vezes se especializando em versões mais baratas de produtos do dia-a-dia, como carregadores de telefone e tênis. A indústria de comércio eletrônico internacional do país cresceu 25%, para 1,4 trilhão de yuans (US$ 220 bilhões) em 2021, após um aumento de 40% em 2020 devido à pandemia. Graças às cadeias de suprimentos integradas da China, algumas empresas ficaram entre aquelas com maior volume de vendas de todo o mundo, como a Shein e a Anker Innovations Technology.
Representantes da Amazon e Walmart não responderam imediatamente aos e-mails pedindo comentários sobre possíveis atrasos na entrega. A empresa de logística chinesa 4PX disse em seu site, na segunda-feira (14), que parou de pegar encomendas de Shenzhen devido às restrições causadas pela covid.
Wang contou que a associação está “negociando ativamente” com as autoridades de Shenzhen para tentar pelo menos retomar algumas entregas de encomendas em breve. A interrupção ocorre em um momento particularmente complicado, com a Amazon proibindo vários produtos mais vendidos na China no ano passado devido a avaliações falsas de consumidores.
Embora as autoridades tenham dito que algumas fábricas em Shenzhen e Dongguan ainda poderão operar se testarem os trabalhadores diariamente e aplicarem rígidas restrições, Wang disse que os membros da sua associação foram obrigados a interromper toda a produção, e uma delas foi até multada no início desta semana por descumprimento.
“Mesmo que a empresa não esteja nas áreas com casos graves, não tem permissão para fazer nada”, disse ela.
– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
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