Bloomberg — A desova de ações da China se acelerou nesta terça-feira (15). Preocupações em relação aos laços do país com a Rússia e com a pressão regulatória persistente causaram uma espiral descendente no mercado acionário chinês.
O Hang Seng China Enterprises Index, que acompanha ações chinesas listadas em Hong Kong, caiu 6,6% após registrar no pregão anterior a maior queda desde a crise financeira global. As gigantes da tecnologia Alibaba Group Holding (BABA) e Tencent Holdings puxaram a baixa. O índice Hang Seng de referência recuou 5,7%, sua maior queda desde julho de 2015.
As ações da China parecem mais arriscadas com o receio de os laços de Pequim com a Rússia gerem novas sanções dos Estados Unidos. Há um aumento das preocupações com questões regulatórias, incluindo uma possível saída das bolsas dos EUA. Embora os dados econômicos tenham sido positivos para o mercado, as medidas de lockdown nas principais cidades chinesas azedam as perspectivas.
“O sell-off é exagerado, mas tudo também é”, disse Andy Maynard, responsável de renda variável na China Renaissance Securities. “O mercado está louco – não há mais fundamentos. Isso pode ser pior do que a crise financeira de 2008.”
O Hang Seng Tech Index teve uma oscilação intradiária de 10 pontos percentuais na terça-feira, a mais aguda desde que foi lançado em 2020, segundo dados compilados pela Bloomberg. O indicador de tecnologia da China desabou 8,1%, ampliando para quase 70% a perda desde o pico em fevereiro de 2021.
“Quando a fé desaparece, as pessoas estão prontas para ver o lado ruim de tudo, algumas até suspeitam dos sólidos números econômicos de hoje”, disse Yu Yingbo, diretor de investimentos da Shenzhen Qianhai United Fortune Fund Management. É um movimento de “vendas planejadas, persistentes e sincronizadas”.
Tecnologia em xeque
A venda de ações chinesas foi especialmente severa no setor de tecnologia. O setor já vinha prejudicado por medidas de repressão regulatória por Pequim ao longo do último ano e pelo iminente aumento da taxa de juros nos EUA. O sentimento em relação às ações chinesas de tecnologia se transformou em medo nos últimos dias, com investidores temendo o risco de sanções caso a China ofereça ajuda à Rússia na guerra.
Esse entendimento levou ao tombo de 11% no Hang Seng Tech na segunda-feira (14), a pior queda diária desde o lançamento do indicador, em julho de 2020. Para analistas do JPMorgan Chase (JPM), simplesmente “não dá para investir” em algumas ações chinesas de internet.
Em sua declaração mais explícita até agora sobre o assunto, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, disse na terça-feira que a China deseja evitar o impacto de sanções dos EUA relacionadas à guerra. Os comentários não acalmaram os mercados e o índice CSI 300 fechou em queda de 4,6%, a pior desde julho de 2020.
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