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Mais da metade da renda em dívidas

Também no Breakfast: Mercados se atêm a chances de novas conversas entre Rússia e Ucrânia e sobem; Como a invasão russa na Ucrânia ameaça o sistema global de alimentos? e Dólar a R$ 5: é hora de comprar para viajar?

14 de Março, 2022 | 06:52 AM
Tempo de leitura: 6 minutos

Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Brasileiros que se endividaram durante a pandemia estão sofrendo com o peso da campanha do Banco Central para domar a teimosa inflação de dois dígitos. Enquanto os formuladores de políticas nos EUA e na Europa hesitavam, as autoridades monetárias da maior economia da América Latina responderam rapidamente à alta dos preços, estimulada por lembranças de crises de hiperinflação, que se estendeu até o início dos anos 1990.

Desde março de 2021, o Banco Central do Brasil elevou sua taxa básica de juros, a Selic, em um total de 875 pontos base. O remédio amargo está começando a mostrar resultados.

💸 Menos poder de compra

Pagamentos de dívidas do consumidor, incluindo financiamento de imóvel, carros, empréstimos, cartões de crédito e outros tipos de crédito rotativo agora abocanham cerca de 52% da renda familiar - um salto de 9 pontos percentuais em relação a 2020 e a taxa mais alta registrada desde que o banco central começou a acompanhar a métrica 17 anos atrás.

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💳 A tentação do cartão

Durante a pandemia, mais brasileiros desempregados ou subempregados passaram a contar com cartões de crédito ou cartões de lojas para pagar por itens essenciais como mantimentos e remédios. As condições de crédito mais apertadas e a piora dos níveis de endividamento das famílias prejudicarão a atividade econômica.

Muitos brasileiros aproveitaram uma sequência de três anos e meio de taxas de juros de um dígito, a mais longa da história do Brasil, para contratar dívida e comprar um imóvel

Na trilha dos Mercados

Os mercados dão a largada a uma semana atribulada e com eventos de grande importância para as decisões de investimento. Constatará se a Rússia tem a intenção de pagar sua dívida internacional e provavelmente verá o Federal Reserve (Fed) aumentar as taxas de juros pela primeira vez desde 2018.

É muito a considerar até mesmo para os profissionais de mercado mais veteranos.

⚠️ Default russo?

A Rússia tem cerca de US$ 117 milhões em pagamentos de cupons da dívida do país com vencimento na quarta-feira e as agências de classificação de risco falam de um calote “iminente”. As bolsas permanecem fechadas em Moscou, mas o comércio onshore do rublo foi retomado na semana passada.

Grande parte da atenção dos traders permanecerá na Rússia. Se a nação não pagar suas obrigações, pode desencadear uma cascata de inadimplência corporativa. Os reguladores russos também estão procurando maneiras de retomar a Bolsa de Moscou sem permitir um colapso nos preços dos ativos.

📈 Fed arbitra sobre juros

É praticamente certo que o banco central dos Estados Unidos suba sua taxa de referência em 25 pontos-base na quarta-feira, criando um divisor de águas na tentativa de frear a inflação. O presidente Jerome Powell será questionado sobre a escala e o ritmo do ciclo de aperto monetário e o mercado anseia por pistas para traçar suas estratégias.

• Além do Fed, decidem sobre suas taxas de juros o Banco da Inglaterra (BoE), na quinta-feira, e o Banco do Japão (BoJ), na sexta.

🇧🇷 E também tem Copom

A semana também é de decisão no Brasil. O mercado amplia a aposta em um Copom “mão dura” após a alta dos combustíveis e a aceleração maior que o previsto do IPCA de fevereiro. A curva de DI enuncia uma elevação de 114 pontos na semana que vem e mais 96 pontos em maio - sugerindo probabilidade de duas altas seguidas de 1 ponto porcentual nas duas próximas reuniões ou até mesmo uma elevação de 1,25 ponto nesta reunião, seguida de 0,75 ponto ou 1 ponto em maio.

Leia também: Bancos Centrais do mundo definem política para economias abaladas pela guerra

⬆️ As ações na Europa e os futuros de índices nos EUA subiam. Os investidores analisam os esforços diplomáticos para uma nova rodada de negociação entre a Rússia e a Ucrânia. Mas também têm no radar os comentários de um funcionário dos EUA de que Moscou teria pedido ajuda militar à China.

Um panorama dos mercados esta manhã

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow (-0,69%), S&P 500 (-1,30%), Nasdaq (-2,18%), Stoxx 600 (+0,95%), Ibovespa (-1,72%)

As bolsas americanas caíram novamente na sexta-feira depois que o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que conversações de alto nível com seu homólogo russo Sergei Lavrov esta semana não resultaram em nenhum progresso rumo à paz, ao contrário do que o presidente russo Vladimir Putin havia dito no início do dia.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Nenhum evento relevante programado para hoje

• Europa: Encontro do Eurogrupo; Alemanha (Índice de Preços por Atacado/Fev); França (Balança Comercial/Jan, Transações Correntes/Jan); Espanha (Vendas no Varejo/Jan)

• Ásia: China (Produção Industrial/Fev, Investimento em Ativos Fixos/Fev, Taxa de Desemprego, Vendas no Varejo/Fev)

• América Latina: Brasil (Boletim Focus)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Frank Elderson, do BCE

📌 E para amanhã:

• EUA: Índice de Preços ao Produtor IPP/Fev, Relatório da OPEP, Índice Empire State de Atividade Industrial/Mar, Estoques de Petróleo Bruto Semanal API, Índice Redbook

• Europa: Zona do Euro (Pesquisa ZEW de Percepção Econômica, Produção Industrial/Jan); Alemanha (Pesquisa ZEW); Reino Unido (Pedidos de seguro-desemprego; Taxa de Desemprego/Jan e em 3 meses), França (IPC-Fev)

• Ásia: China (Preços de Imóveis/Fev); Japão (Balança Comercial/Fev)

• América Latina: Argentina (IPC/Fev)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Andrea Enria (BCE)

Destaques da Bloomberg Línea

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Também é importante

Mudança acontece para acompanhar o início do horário de verão nos EUA; o after market, que estava suspenso, é retomado

• Bolsa brasileira terá novo horário de negociação a partir de hoje. As negociações no mercado à vista (ações, contratos futuros e de opções, além de operações estruturadas referenciados em commodities, dólar comercial e units) retornam ao horário de encerramento às 17h (horário de Brasília). Haverá ainda a volta do after market (pós pregão), com as negociações entre 17h30 e 18h.

Como a invasão russa na Ucrânia ameaça o sistema global de alimentos? O sistema alimentar global está sob ameaça. Ao colocar em risco um dos maiores celeiros do mundo, a guerra tem elevado o custo dos insumos agrícolas e provocado desabastecimento em virtude do protecionismo alimentar. A situação pressiona ainda mais a inflação e faz disparar a insegurança alimentar - estima-se que 45 milhões de pessoas estejam à beira da fome.

Ministra embarca para o Canadá atrás de fertilizantes para o Brasil. A ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, embarcou na noite do último sábado (12/03) para o Canadá em busca de mais fertilizantes para os agricultores brasileiros. A ministra se reúne com empresários e representantes governamentais para discutir a possibilidade de aumentar as exportações de potássio para o Brasil.

Jornalista americano é morto na Ucrânia em tiroteio perto de Kiev. Um jornalista e cineasta americano foi morto a tiros neste domingo cobrindo a guerra na Ucrânia no que pode ser o primeiro jornalista estrangeiro morto no conflito, de acordo com várias notícias da mídia e do governo.

Opinião Bloomberg

Proibir Tchaikovsky não vai ganhar a guerra na Ucrânia

Proibir Tchaikovsky não é o caminho para vencer uma guerra. Esta semana, a Orquestra Filarmônica de Cardiff removeu a popular abertura de 1812 do compositor de seu próximo programa devido à invasão da Ucrânia. A obra celebra ruidosamente a resistência russa à invasão de Napoleão.

Essa decisão absurda – Tchaikovsky foi visto por seus rivais nacionalistas no século 19 como um ocidentalizador – segue outras proibições culturais que combinam a cultura moderna do cancelamento com a antiquada histeria de guerra.

Pra não ficar de fora

Brasileiro tem o segundo menor poder de compra da América Latina e precisa trabalhar três meses e meio para ter o último modelo da linha de entrada da Apple

A Apple apresentou na terça-feira, 8 de março, a mais recente edição do iPhone SE, que chegará ao mercado norte-americano por um valor de US$ 429. Embora seja a linha de smartphones mais barata da empresa, para grande parte do mercado latino americano, o valor continua inacessível, a ponto de ultrapassar o salário mínimo mensal registrado em muitos países da região.

📱 Ao realizar o exercício de cálculo de quantos salários mínimos seriam necessários para comprar o aparelho, foi considerado o valor anunciado pela empresa nos Estados Unidos, embora o preço ao consumidor possa, em última análise, variar em cada país da região.

💰 De fato, no México será vendido a 11.499 pesos (ou seja, US$ 551,06) e no Brasil a R$ 4.199 (cerca de US$ 838,27). Para fazer o cálculo, foram levados em conta os salários mínimos atuais de cada país da América Latina e o preço do dólar em 9 de março de 2022.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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