Bloomberg — Na luta contra a inflação nos Estados Unidos, a resistência do presidente do banco central em relação ao uso mais contundente do balanço patrimonial pode causar estragos.
Alguns investidores do mercado de renda fixa preferem que o comandante do Federal Reserve, Jerome Powell, dê mais ênfase à redução da carteira de títulos, permitindo aumento menos agressivo dos juros na tentativa de baixar a maior inflação em 40 anos. Isso amenizaria a elevação dos custos dos empréstimos – uma preocupação pertinente diante dos riscos econômicos trazidos pela guerra na Ucrânia.
Defensores da estratégia de maior ênfase no chamado aperto quantitativo citam vantagens em relação ao plano de Powell de deixar essa opção simplesmente em segundo plano. Uma vantagem seria a possibilidade de evitar inversão da curva de juros ou uma inversão particularmente aguda.
Curvas de juros invertidas — em que os rendimentos dos títulos com prazo de dois anos excedem os rendimentos dos títulos de 10 anos — precedem recessões e prejudicam quem depende de empréstimos de curto prazo. Quando o Fed sobe a taxa overnight, o impacto tende a ser maior nos rendimentos de curto prazo, achatando a curva. A diferença nos rendimentos atualmente está um pouco acima de 0,25 ponto percentual.
Uma curva de juros achatada também é preocupante. A ata da reunião de política monetária do Fed em dezembro revelou temores em relação ao que isso poderia representar para a estabilidade das instituições financeiras.
“Mais foco na redução do balanço patrimonial e menos nos aumentos de juros produzem uma curva mais inclinada, o que é bom para instituições financeiras em geral”, disse Peter Tchir, estrategista-chefe de macroeconomia da Academy Securities.
O Fed tem muito espaço para atuar na carteira de títulos: o total de ativos atingiu US$ 8,9 trilhões depois que o banco central implementou um enorme programa de flexibilização quantitativa em março de 2020. O Fed agora detém mais de US$ 5,7 trilhões em títulos do Tesouro americano e US$ 2,7 trilhões em títulos lastreados em hipotecas. As compras de ativos foram encerradas este mês.
--Com a colaboração de Kenneth Hughes.
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