Mercados sobem, mas dúvidas entre comprar e se proteger adicionam volatilidade

Renda variável se recupera, mas investidores repercutem impacto da guerra e ação dos bancos centrais para atenuar a inflação; petróleo continua com sua trajetória de alta

As variáveis que orientarão os mercados
11 de Março, 2022 | 08:40 AM

Barcelona, Espanha — A agenda macroeconômica de hoje é fraca e o panorama dos mercados carece de notícias positivas. Depois de mostrar um comportamento errático, as bolsas europeias e os futuros de índices norte-americanos se situavam em território positivo, com os investidores aproveitando a manhã para embolsar ações a preços atrativos.

Os contratos sobre os índices S&P 500 e Nasdaq 100 subiam em torno de 1% cada um, após oscilar entre ganhos e perdas pelo menos seis vezes esta manhã. Na Europa, o Stoxx 600 era impulsionado por ações de viagens e de empresas ligadas às commodities. O dólar se dirigia para a maior série de aumentos semanais desde novembro. O petróleo seguia firme na trajetória de alta, enquanto o ouro perdia valor. Os títulos do Tesouro norte-americano oscilam com volatilidade - há pouco perdiam valor nominal, com os prêmios em alta.

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😵‍💫 Volatilidade dá o tom

A volatilidade continua nos mercados globais, com os investidores duvidando entre comprar ações na baixa e esperar o pior para a inflação e as economias com o recrudescimento da guerra na Ucrânia. Enquanto digerem a mensagem de ontem do Banco Central Europeu (BCE), os operadores fazem suas apostas sobre a atitude do Federal Reserve (Fed) na próxima semana. Se as decisões do BCE servirem de guia, os formuladores de política monetária colocarão a luta contra a inflação antes da necessidade de apoiar a recuperação econômica.

🔴 A guerra

Para estar comprado um fim de semana em um contexto tão conturbado, há que ter disposição ao risco. A guerra em curso na Ucrânia se recrudesce e seu impacto sobre os preços das commodities ameaça as economias de todo o globo. Duas cidades na Ucrânia ocidental distantes dos locais dos combates travados até agora foram atingidas por ataques aéreos durante a noite. O Ministério da Defesa da Rússia disse ter destruído os aeródromos de Ivano-Frankivsk e Lutsk através de ataques de longa distância. As autoridades na Ucrânia não confirmaram a extensão dos danos. O prefeito de Kiev informou que quase a metade dos cidadãos da capital fugiu desde que a Rússia começou a atacar a cidade.

🇪🇺 Surpresa “hawkish”

O BCE mostrou mais preocupação com o custo de vida recorde, que piorará com o desenrolar da guerra. Em um contexto incerto, o banco central surpreendeu o mercado ao decidir acelerar a redução das compras de ativos líquidos no segundo trimestre. Desta forma, o BCE abre uma pequena porta à possibilidade de subida dos juros - o mercado já desconta uma elevação entre setembro e outubro deste ano.

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🏦 Foco nos juros

O mercado ficará em polvorosa na semana que vem, quando estão agendadas reuniões de política monetária de alguns dos grandes bancos centrais, encabeçado pelo Fed. Espera-se que o Fed suba o custo do dinheiro em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, 16 de março. Também teremos decisões sobre juros do Banco da Inglaterra (BoE) e do Banco do Japão (BoJ).

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Lembranças (e medo) da hiperinflação

Uma instantânea dos principais mercados em um dia positivo, mas volátil

🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,34%), S&P 500 (-0,43%), Nasdaq (0,95%), Stoxx 600 (-1,69%), Ibovespa (-0,21%)

As bolsas norte-americanas caíram novamente. Embora tenha ficado em linha com a expectativa do mercado, a inflação dos EUA - que subiu de 7,5% em janeiro para 7,9% em fevereiro, a maior alta em quatro décadas -, acende as preocupações sobre o custo de vida. A guerra da Rússia provocou um salto nos preços da commodities que terá impacto ao consumidor. Os mercados também se mantiveram atentos às negociações Rússia-Ucrânia, após conversas que não produziram resultados.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Índice de Confiança do Consumidor e Expectativas de Inflação/Mar - Universidade de Michigan

• Europa: Cúpula de Líderes da UE; Alemanha (IPC/Fev); Reino Unido (PIB, Produção Industrial/Jan, Produção do Setor de Construção/Jan, Índice de Serviços, Balança Comercial); Espanha (IPC/Fev)

• América Latina: Brasil (IPCA/Fev); México (Produção Industrial/Jan)

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• Bancos centrais: Pesquisa BOE sobre Expectativas de Inflação

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.