Gás na Europa tem queda semanal recorde com volatilidade extrema

Conflito entre Ucrânia e Rússia segue sendo risco para o abastecimento no continente

Temperaturas amenas estão entre os fatores que favoreceram a queda recorde de 40% no preço
Por Vanessa Dezem
11 de Março, 2022 | 10:59 AM

Bloomberg — Os preços do gás natural na Europa deverão sofrer uma queda recorde de 40% após um período frenético que enfatizou a exposição do continente aos suprimentos russos.

A Rússia anunciou uma proibição de exportação de mais de 200 produtos depois que sua economia recebeu sanções devido à invasão na Ucrânia. O país não chegou a conter as vendas de energia e matérias-primas – a maior contribuição da Rússia para o comércio global.

Por ora, essa notícia alivia as preocupações de uma possível redução do fornecimento de gás para a Europa. A Rússia é o maior fornecedor da União Europeia, respondendo por cerca de 40% das importações de gás, e o bloco está tentando aproveitar todos os recursos disponíveis para reduzir essa dependência. As remessas de gás russo que cruzam a Ucrânia continuaram normalmente nesta sexta-feira (11), segundo dados das operadoras.

Rússia lidera fornecimento de gás no continente

O gás holandês do primeiro mês – referência europeia – está sendo negociado agora a menos da metade do recorde alcançado na segunda-feira (7). O contrato despencou pela quarta sessão nesta sexta-feira, caindo até 10,6%, chegando a 113 euros por megawatt-hora – o menor valor em quase duas semanas. A energia alemã do primeiro mês alemão caiu até 19%, chegando a 243,50 euros.

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Quaisquer sanções à Rússia que também possam atingir duramente as economias europeias devem ser evitadas, disse o chefe do clima da União Europeia, Frans Timmermans, à rádio alemã nesta sexta-feira. “Temos que nos certificar de dificultar as coisas para Putin, mas ao mesmo tempo impedir que nossa sociedade seja enfraquecida”, disse.

A Europa provavelmente não vai estabelecer um embargo total à energia russa quando os líderes da UE se reunirem para um segundo dia de discussões em Versalhes na sexta-feira, disse Timmermans. Ele acrescentou que o continente poderia suportar um possível corte nas exportações de gás russo.

A Europa estava no meio de uma crise no fornecimento de energia devido aos baixos estoques de gás antes do início da guerra na Ucrânia no mês passado, e os preços do combustível vem subindo desde o final do ano passado.

Remessas de GNL

As embarcações que transportam navios de gás natural liquefeito continuam chegando aos portos europeus para ajudar a aliviar a escassez – as embarcações americanas lideram o comboio. Um total de 28 cargas de GNL dos EUA devem chegar até 24 de março.

Previsões meteorológicas mais amenas também estão ajudando a manter os preços do gás sob controle, já que as temperaturas estão acima do normal na maior parte do noroeste e centro da Europa, de acordo com Maxar.

Ainda assim, os traders permanecem no limite enquanto a guerra continua. No início da semana, autoridades russas e ucranianas trocaram alertas sobre o risco para a infraestrutura de trânsito de gás quando as tropas russas entraram nas estações que bombeiam o combustível para a Europa. A Rússia também ameaçou cortar o fornecimento de gás natural através do gasoduto Nord Stream 1 para a Europa.

“Com baixos níveis de estoque e o risco de interrupção dos fluxos russos a qualquer momento, o balanço de gás europeu permanece frágil”, disse EnergyScan, plataforma de análise de mercado da Engie, em relatório na sexta-feira.

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--Com a colaboração de Iain Rogers e Todd Gillespie.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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