O governo francês estuda retomar um plano ambicioso para nacionalizar a endividada Électricité de France e reorganizá-la com foco na produção de energia nuclear. A informação veio de pessoas com conhecimento do assunto.
O caos no mercado de energia — exacerbado pela invasão da Ucrânia pela Rússia — deu novo impulso ao esforço de longa data para reestruturar a maior fornecedora de eletricidade da França. Autoridades vêm conversando com potenciais consultores sobre a ideia de comprar a participação de acionistas minoritários da EDF e retirá-la do mercado acionário, disseram as fontes, que pediram anonimato por discutir informações confidenciais.
O governo é o maior investidor na EDF, com 84% de participação. Segundo os entrevistados, o governo pretende manter a posse das operações domésticas e pode rever as operações internacionais. Se as autoridades decidirem seguir adiante, quaisquer planos só avançarão após as eleições — supondo que o presidente Emmanuel Macron permaneça no poder.
A EDF poderia alienar participações no exterior, incluindo ativos de energias renováveis, de acordo com as fontes. Essas vendas trariam dinheiro para financiar operações nucleares e hidrelétricas na França. A estratégia também poderia atrair investidores para operações eólicas e solares para ajudar a financiar projetos mais ecológicos, como ocorreu recentemente na Itália.
As discussões são preliminares e não é certo que o governo decidirá prosseguir. Um porta-voz do Ministério das Finanças disse que a informação é “falsa” e que o governo não está trabalhando em tal projeto. Um representante da EDF não quis comentar.
As ações da EDF chegaram a subir 9,8% nesta sexta-feira (11) em Paris. O valor de mercado da companhia atingiu 28 bilhões de euros (US$ 30,9 bilhões).
Em fevereiro, a EDF anunciou planos para captar 2,5 bilhões de euros por meio de uma emissão de direitos e vender 3 bilhões de euros em ativos até 2024, segundo iniciativa para fortalecer suas finanças. A classificação de risco da EDF foi rebaixada no mês passado e as agências alertaram para potenciais cortes adicionais na nota porque a dívida líquida — que chegava a 43 bilhões de euros no final do ano passado — deve aumentar ainda mais com a queda dos lucros em 2022.
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