Bloomberg — Milhares de funcionários, bilhões de dólares e três décadas de relacionamentos complicados. Alguns dos maiores bancos do mundo estão começando a se retirar da Rússia, mas o movimento não será fácil.
O Goldman Sachs (GS) foi o primeiro a anunciar a retirada, na quinta-feira (10). Alguns funcionários já foram transferidos de Moscou para Dubai. O JPMorgan Chase (JPM) seguiu o exemplo, informando que está ativamente desfazendo seus negócios na Rússia e atualmente realiza atividades limitadas no país.
Com cerca de 3 mil funcionários na Rússia, o Citigroup (C) é, de longe, o banco americano com maior presença por lá. A instituição está operando “de forma mais limitada, considerando as atuais circunstâncias e obrigações”, segundo comunicado divulgado na quarta-feira (9), e continua se esforçando para sair do país.
O Morgan Stanley (MS) avalia transferir parte de sua equipe de 20 pessoas na Rússia para Dubai e outros centros financeiros, segundo uma pessoa a par da situação. O Deutsche Bank avalia opções para sua operação de tecnologia da informação na Rússia.
O Credit Suisse Group (CS), um dos primeiros bancos estrangeiros a entrar na Rússia de forma significativa após o colapso da União Soviética, tem uma equipe de 125 pessoas em Moscou, mas ainda não tomou nenhuma decisão. Em comunicado divulgado na quinta-feira, o CEO Thomas Gottstein afirmou que o conselho do banco está “profundamente entristecido” com a guerra, mas não chegou a falar em sair do país.
A pressão por medidas mais contundentes vem aumentando. Gigantes de outros setores — incluindo General Electric (GE), McDonald’s (MCD) e PricewaterhouseCoopers — já avisaram que vão encerrar operações no país. Os bancos enfrentarão dificuldades desfazer operações que incluem transações financeiras, empréstimos e relacionamentos bancários de longa data. E ao fazê-lo, também precisam interpretar sanções que se multiplicam quase diariamente.
“Essas instituições financeiras estão literalmente trocando mensagens de WhatsApp sobre transações envolvendo bilhões e bilhões e falando: ‘Isso foi registrado?’ ‘Podemos fechar isso?’ ‘Queremos realmente nos livrar disso’ ou ‘ Queremos congelar’, ou ‘Queremos fazer outra coisa com isso’”, disse Justine Walker, responsável por sanções e riscos globais do grupo de combate a crimes financeiros ACAMS, a parlamentares britânicos esta semana.
“Elas estão tentando entender o fundamento legal, e as que estão tentando sair do país e reduzir sua exposição querem entender como gerenciar isso de forma a garantir sua própria estabilidade financeira”, acrescentou.
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