China e guerra mexem com a vida da indústria de suínos do Brasil

Maior cliente dos frigoríficos brasileiros, país asiático reduziu pela metade suas compras e ameaça crescimento das exportações do setor

China, maior cliente, segue reduzindo as compras do Brasil e Rússia agora tende a reduzir tbm
11 de Março, 2022 | 05:49 PM

Bloomberg Línea — A China vem reduzindo sistematicamente suas importações de carne suína do Brasil e no mês passado um recorde, negativo, foi alcançado. As compras chinesas atingiram o menor patamar desde agosto de 2019, totalizando 21,61 mil toneladas, conforme dados do Ministério da Economia.

O volume de carne suína do Brasil importada pela China foi praticamente a metade da importação realizada no mesmo período do ano passado, quando foram embarcadas ao país asiático 41,62 mil toneladas.

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Apesar da queda, a China permanece como principal destino das exportações brasileiras de carne suína. O volume embarcado pelas indústrias brasileiras ao mercado chinês ainda é pouco mais de 31% das 69,7 mil toneladas exportadas em fevereiro. A China já representou metade das vendas externas do Brasil e a menor dependência poderia ser encarada como algo positivo. No entanto, a queda das compras da China tem representado também uma retração nas vendas totais do Brasil. Em comparação a fevereiro de 2021, os embarques do mês passado recuaram 13%.

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“Em um período historicamente mais contido para as exportações de carne suína, os embarques foram em linha com o esperado. Nos próximos meses, a estimativa é que os patamares de embarque aumentem, até mesmo para aliviar os altos e históricos custos de produção enfrentados pelo setor”, ressalta o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin.

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Além de sentir os efeitos da demanda menor da China, as indústrias também devem sentir o efeito da retração que a Rússia provocará no mercado. Por conta da guerra com a Ucrânia, os exportadores tendem a reduzir as vendas a partir de março devido às dificuldades em se realizar os pagamentos das compras. O mês de fevereiro foi o melhor do setor desde março de 2019. No mês passado, os embarques para o mercado russo somaram 4,13 mil toneladas, o sentimento do setor é que o ritmo que vinha crescendo mês a mês reduza significativamente sua intensidade a partir de agora.

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“Houve uma notável e esperada desaceleração nos números consolidados deste mês para o mercado chinês, uma vez que as compras para o Ano Novo chinês já haviam sido realizadas em meses anteriores. Entretanto, já há indicativos de retomada das exportações que devem refletir sobre o resultado dos próximos meses”, avalia Luís Rua, diretor de mercados da ABPA.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.