Brasília em Off: A irritação da equipe econômica com a Petrobras

Técnicos defendem que a petroleira é um monopólio, tem tido lucro e poderia mostrar sensibilidade na hora de repassar custos

Caso a guerra na Ucrânia perdure e o barril do petróleo continue a subir fortemente, a preferência da equipe econômica é pela adoção de um decreto de calamidade
Por Martha Beck
11 de Março, 2022 | 06:28 PM

Bloomberg — A equipe econômica tem defendido que o Tesouro não pode arcar sozinho com os custos para atenuar o impacto da disparada do petróleo nos preços dos combustíveis. É preciso que governadores, via ICMS, e a própria Petrobras ajudem nesse esforço.

No caso da estatal, isso não significa controlar os preços, dizem os técnicos, mas apenas lembrar que ela é um monopólio, tem tido lucro e poderia mostrar sensibilidade na hora de repassar custos.

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Os técnicos têm lembrado que há no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma investigação da empresa por abuso de posição dominante no mercado nacional justamente por ser monopolista. Eles reclamam que a ala política e a própria empresa têm pressionando por subsídios diretos num momento em que o governo trabalha para aprovar no Congresso propostas que já reduzem a carga tributária dos combustíveis.

Veja mais: Em dia de alta de combustível, Bolsonaro diz que não intervirá na Petrobras

Se agravar

Caso a guerra na Ucrânia perdure e o barril do petróleo continue a subir fortemente, a preferência da equipe econômica é pela adoção de um decreto de calamidade. O argumento dos técnicos é que esse mecanismo é mais seguro do ponto de vista fiscal. Desde a aprovação de PEC Emergencial pelo Congresso, a decretação de um estado de calamidade trava a criação de despesas obrigatórias.

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Pior que a encomenda

Integrantes da equipe econômica avaliam que a decisão do Presidente Jair Bolsonaro de visitar a Rússia às vésperas da invasão da Ucrânia foi um duplo erro estratégico. A Economia chegou a aconselhar Bolsonaro a suspender a viagem.

A avaliação agora é que, ao ser fotografado apertando a mão de Vladimir Putin num momento sensível, Bolsonaro deixou o Brasil com a imagem arranhada com o resto do mundo. Isso também não ajudou na relação com a Rússia, uma vez que, depois da invasão, o Brasil teve que endurecer o tom de críticas na ONU. Acabou ficando mal para todo os lados.

Desconforto

A decisão do governo de incluir o Irã na lista de possibilidades para abastecer o mercado de fertilizantes, afetado pela guerra, provocou desconforto na relação do Brasil com Israel. Diplomatas que acompanham o assunto afirmam que melhor seria se o governo procurasse outros parceiros.

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Israel foi um dos primeiros países visitados pelo presidente brasileiro no início de seu mandato. Bolsonaro chegou a considerar a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém como sinal de apoio.

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