Bloomberg — Apesar de todo o falatório sobre inflação salarial, muitos americanos dizem que seus salários não estão acompanhando os preços.
Em fevereiro, 73% dos “assalariados na base da pirâmide” – definidos como aqueles com renda familiar inferior a US$ 25 mil por ano – disseram ter sentido o impacto da inflação recentemente, mas apenas 9% disseram que seus salários acompanharam o custo de vida, segundo relatório do Capital One Insights Center. Em todos os níveis de renda, apenas 18% dos consumidores disseram que seus salários acompanharam o aumento do custo de vida.
As dificuldades se refletem nos dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta quinta-feira (10), que mostraram que os ganhos semanais médios ajustados pela inflação caíram 2,3% em fevereiro em relação ao ano anterior. Contudo, nos últimos dois anos, o aumento no crescimento dos salários nominais nos Estados Unidos superou a inflação, subindo 10,6% ante o aumento de 9,7% no índice de preços ao consumidor, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Aqueles com renda familiar de US$ 100 mil por ano ou mais (o topo da pirâmide) conseguiram lidar melhor com a inflação que atingiu uma nova alta de 40 anos de 7,9% no mês passado. Quem está no topo tem três vezes mais chances de dizer que seus salários acompanharam a inflação (percentual é de 31%), disse Melissa Bearden, chefe de inteligência do consumidor da Capital One. Embora 30% do topo da pirâmide tenha dito que recebeu um aumento ou bônus não baseado atrelado a desempenho nos últimos três meses, apenas 10% da base da pirâmide disse o mesmo.
As pressões financeiras são sentidas de forma mais intensa pela base da pirâmide, mas alguns consumidores com níveis de renda mais altos também relatam sentir uma crise. “O topo da pirâmide luta para pagar todas as suas contas duas vezes mais que no início da pandemia”, disse a pesquisa, com esse percentual saltando de 10% em abril de 2020 para 22% no mês passado. Os dados da Capital One foram obtidos a partir de diversas pesquisas realizadas em todo o país desde abril de 2020 com 2 mil a 10 mil pessoas.
Muitos americanos esperam que as restituições de impostos ajudem a aliviar o estresse financeiro. Mais da metade da base da pirâmide (57%) que espera um reembolso de impostos disse que seria “muito ou moderadamente importante para sua saúde financeira geral neste ano”. No meio da pirâmide, quase metade dos entrevistados sentiam o mesmo.
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Outros destaques da pesquisa
- A maior parte das pessoas (62%) afirmou que a inflação afetou os gastos. 38% dos consumidores disseram que tentaram gastar menos cortando gastos não essenciais e cancelando ou adiando viagens, e 42% disseram que economizaram menos, utilizaram suas reservas econômicas, pediram dinheiro emprestado ou tomaram um empréstimo.
- O percentual de pessoas que dizem estar “subempregadas” ou trabalhando por menos dinheiro do que querem está caindo. No meio da pirâmide, entre as pessoas de renda média que ganham de US$ 25 mil a US$ 100 mil em renda familiar, a taxa de subemprego caiu para 7% em fevereiro, ante 21% em abril de 2020. No topo da pirâmide, taxa de subemprego foi de 13% para 3% no mesmo período. Na base da pirâmide a taxa de subemprego caiu consideravelmente menos – de 18% em fevereiro para 22% em abril de 2020.
- Cerca de 25% das pessoas no meio da pirâmide e no topo da pirâmide esperam uma restituição de impostos que chega a US$ 1,5 mil. Pouco mais da metade das pessoas na base da pirâmide não sabe ao certo se receberão uma restituição de impostos.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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