Bloomberg — A brasileira Natura &Co (NTCO3) apresentou um surpreendente ganho de margem no quarto trimestre, desferindo um golpe para os céticos que questionam se a fabricante de cosméticos pode se tornar uma potência global de beleza.
A empresa, que adquiriu a Avon Products Inc. há menos de três anos e também é dona das marcas Natura, Body Shop e Aesop, viu sua margem Ebitda ajustada subir 90 pontos-base em relação ao ano anterior, para 13,3%, disse a empresa com sede em São Paulo em um comunicado. Os analistas esperavam uma queda de 180 pontos-base.
“Conseguimos mitigar a pressão inflacionária e custos de insumos mais altos por meio de sinergias mais rápidas do que o esperado da integração da Avon e gestão de preços”, disse o CEO Roberto Marques em entrevista.
Apesar do resultado, a Natura está reavaliando alguns planos de investimento e reduzindo gastos discricionários, já que as pressões de custos devem piorar no primeiro semestre do ano, segundo Marques. “Estamos nos preparando para um cenário realmente desafiador”, disse ele.
As ações da empresa fecharam em alta de 16% em São Paulo na quarta-feira antes da divulgação. Os papéis ainda estão com baixa de 50% nos últimos 12 meses, abaixo do índice de referência Ibovespa em cerca de 48 pontos percentuais, já que os investidores estavam cada vez mais preocupados com as perspectivas depois que a empresa adiou sua meta de margem para 2023 em um ano. No mês passado, a gestora de ativos brasileira Neo Investimentos disse que seu fundo de ações Neo Navitas fechou sua posição na Natura.
Impacto na Rússia
A guerra na Ucrânia levou a Natura a interromper as operações das franquias Body Shop e Aesop na Rússia, disse Marques. A Avon também suspendeu as exportações de sua fábrica russa para outros países. Atualmente, a Rússia responde por menos de 5% do faturamento da empresa, segundo ele.
A fábrica russa continua a fornecer representantes de vendas diretas da Avon localmente para que possam manter suas atividades profissionais. “Não há vantagem financeira”, disse Marques. “Nós simplesmente não queremos virar as costas para esses representantes.”
Veja mais em bloomberg.com