(Bloomberg) -- A Natura &Co entregou um crescimento de margem inesperado no quarto trimestre do ano passado, em um golpe para os céticos em relação aos planos da fabricante de cosméticos para se defender de um cenário de pressão de custos e se tornar uma potência global de beleza.
A empresa, que concluiu a compra da Avon Products no começo de 2020 e também é dona das marcas Natura, The Body Shop e Aesop, viu sua margem Ebitda ajustada subir 90 pontos-base em relação ao ano anterior, para 13,3%. Os analistas esperavam uma contração de 180 pontos-base.
“Conseguimos contrabalançar o impacto negativo da pressão inflacionária e aumento de custos por meio da captura mais rápida de sinergias com a integração da Avon e com gestão de preço”, disse o CEO Roberto Marques, em entrevista.
Apesar da expansão de margem, a Natura tem reavaliado alguns planos de investimento e procurado reduzir despesas discricionárias, já que as pressões de custos devem piorar ao longo do primeiro semestre do ano, segundo Marques. “Estamos nos preparando para enfrentar um ambiente que será bastante desafiador.”
“O fato de a administração ter acionado várias alavancas para proteger as margens é um sinal positivo, após um lucro muito fraco no terceiro trimestre e em um cenário de pressão de margens significativas”, analistas do Bradesco BBI liderados por Richard Cathcart escreveram em relatório.
As ações da companhia fecharam em alta de 16% em São Paulo na quarta-feira, antes da divulgação de resultados. As ações caem 50% nos últimos 12 meses, contra uma alta de 2% do Ibovespa no mesmo período, após a empresa ter adiado a sua meta de margem de 2023 para 2024. No mês passado, a gestora Neo Investimentos disse que seu fundo long-only Neo Navitas zerou a posição em Natura no fim de 2021.
A receita líquida da companhia totalizou R$ 11,6 bilhões no quarto trimestre, ligeiramente acima da estimativa de R$ 11,5 bilhões, mas 3% abaixo do mesmo período no ano anterior.
Rússia
A guerra na Ucrânia levou a Natura a interrompar as operações de The Body Shop e Aesop por meio de franqueadas na Rússia, disse Marques. A Avon também suspendeu as exportações de sua fábrica russa para outros países. Atualmente, a Rússia responde por menos de 5% do faturamento da empresa.
A fábrica na Rússia continua a abastecer localmente as representantes de vendas diretas da Avon para que as revendedoras mantenham suas atividades. “A companhia não está se beneficiando financeiramente ao fazer isso”, disse Marques. “Nós não queremos dar as costas para essas revendendoras.”
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