Lula: “Se eu for presidente, não haverá garimpo em terra indígena”

Ontem, Câmara aprovou regime de urgência para projeto que libera mineração em terra indígenas

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Bloomberg Línea — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta (10) o projeto de lei que abre as terras indígenas à mineração no país.

“Se eu for presidente da República, não terá garimpo em terras indígenas e ponto”, disse o ex-presidente, em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.

“Os índios não são intrusos, estavam aqui antes dos portugueses chegarem. Não temos de importuná-los, temos que dar a eles o direito de viverem dignamente e cuidar da floresta amazônica”, afirmou.

“Talvez seja mais importante para a humanidade cuidar da floresta amazônica do que tentar achar um pouco de ouro em terras indígenas”.

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Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou requerimento de urgência do projeto que libera mineração em terra indígena. Na prática, isso significa que o texto não terá de passar pelas comissões temáticas da Casa, o que garante uma tramitação mais rápida. Acordo entre o presidente Arthur Lira (PP-AL) com a oposição adiou a votação do mérito do texto para abril.

Antes da votação do requerimento, Lira anunciou a criação de um grupo de trabalho para debater a proposta, que deve ser votada em plenário até 14 de abril.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender abertamente a mineração em terras indígenas desde a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia porque há risco de desabastecimento de fertilizantes para o agronegócio do país (que importa 85% do que consome).

O presidente tem repetido nos últimos dias que o país precisa explorar jazidas de potássio existentes na foz do rio Madeira, na Amazônia, que estão situadas em uma terra indígena. Hoje, a lei proíbe. A oposição contesta a real demanda pelo potássio, sem outros insumos básicos que o país não produz, para suprir a necessidade por fertilizantes.

Para a oposição, o governo age para favorecer a atividade de garimpeiros.

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CONTEXTO: Ontem, Caetano Veloso liderou um grupo de artistas em um protesto, em Brasília, contra propostas vistas como prejudiciais à floresta amazônica, comunidades indígenas e que afrouxem a legislação sobre agrotóxicos e licenciamento ambiental.

Após o “Ato pela terra contra o pacote da destruição”, como o ato foi chamado, os artistas e militantes de movimentos socioambientais foram recebidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Participaram do ato: Daniela Mercury, Lázaro Ramos, Emicida, Criolo, Maria Gadú, Letícia Sabatella e Seu Jorge.

ALIANÇA COM KALIL: Na entrevista, Lula também defendeu uma aliança do PT com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que é pré-candidato a governador de Minas. Lula disse que o PT mineiro deve avaliar se tem condições de ter uma candidatura competitiva e, caso não tenha, deve buscar alianças no segundo maior colégio eleitoral do país.

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