Bloomberg Línea — Os frigoríficos brasileiros de frango têm conseguido repassar o aumento dos custos de produção gerados a partir da valorização da soja e do milho para os produtos exportados. A alta das commodities tem pressionado as margens das indústrias, porém, parte desse aumento tem sido transferido para os produtos exportados, uma vez que o mercado internacional está absorvendo esse aumento. Casos de influenza aviária em vários países da Europa, Ásia, África e, mais recentemente, na América do Norte, têm limitado a oferta de frango no mercado global, permitindo que as indústrias brasileiras pratiquem preços mais elevados.
“As altas históricas dos custos de produção têm pressionado positivamente os preços internacionais de carne de frango, com o repasse aos preços finais. Ao mesmo tempo, as ocorrências de focos de Influenza, também favoreceram o desempenho das exportações brasileiras”, avalia o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin.
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No mês passado, as exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 374,5 mil toneladas, segundo a ABPA. O número representa um crescimento de 7,4% sobre o volume total exportado no mesmo período do ano passado. Em receita, as vendas externas do Brasil alcançaram US$ 663 milhões, número 27,1% maior do que o registrado em fevereiro de 2021, quando os embarques renderam US$ 521,6 milhões.
Nesse contexto, a China perdeu o posto de maior cliente do Brasil. Pela primeira, vez, os Emirados Árabes assumiram o posto de principal destino do frango brasileiro, com a aquisição de 42,8 mil toneladas exportadas em fevereiro, número 89,9% superior ao alcançado no mesmo período de 2021. A China, agora no segundo lugar, importou 42,3 mil toneladas (-8,4%) e foi seguida pela a África do Sul, com importações de 30,7 mil toneladas.
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“Os Emirados Árabes Unidos ganharam forte protagonismo nas exportações brasileiras dos últimos meses e foram decisivos, assim como o reforço das vendas ao México e à União Europeia. É esperado que estes níveis de compras nestas regiões se mantenham pelos próximos meses, especialmente porque a Ucrânia, que é um forte competidor do Brasil em destinos como a União Europeia, Arábia Saudita e países do Golfo, com o conflito, seguramente deixará de exportar os volumes habitualmente destinados a estas regiões”, avalia o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.
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