Bloomberg Línea — No dia em que a Petrobras (PETR4) anunciou aumento recorde no preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que não vai interferir na estatal, “mesmo sendo acionista majoritário”.
A empresa anunciou nesta quinta-feira (10) reajuste de 18,7% para gasolina e 24,9% para o diesel. O GLP (gás liquefeito de petróleo) terá aumento de 16%.
Em sua live desta quinta, Bolsonaro disse que não vai interferir na política de preços da Petrobras e que aguarda uma resposta do Congresso. “Algumas pessoas querem que eu vá lá na Petrobras, dê um murro na mesa e resolva. Não é assim. Se resolvesse, até faria, mas não vai resolver, pioraria a situação”, disse.
Também nesta quinta, o Senado aprovou dois projetos para tentar baixar a alta dos combustíveis. Um deles altera a forma de cálculo do ICMS, que passaria a ter alíquota única no Brasil inteiro (hoje, cada Estado define esse valor), definida pelo Confaz (conselho que reúne as secretarias de Fazenda dos Estados).
O outro projeto cria uma conta para estabilização de preços. Seria uma conta abastecida com os dividendos da Petrobras a que a União, acionista majoritária da empresa, tem direito. Com isso, caberia ao governo federal decidir de quanto será o reajuste no preço dos combustíveis.
Leia mais: Combustíveis: Senado aprova alteração em ICMS e conta de estabilização
Os textos já foram encaminhados para a Câmara dos Deputados, onde serão discutidos novamente. Se aprovados sem alteração ao que foi feito no Senado, seguem para sanção presidencial.
A equipe econômica do governo é contra a criação da conta de estabilização.
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), disse no Twitter que a Casa não votará o projeto que cria a conta de estabilização, apenas o que trata do ICMS.
Na live de hoje, Bolsonaro prometeu sancionar o projeto do ICMS da forma que sair do Congresso. “Se a Câmara aprovar hoje, da minha parte não interessa a hora, assino a qualquer hora da noite, da madrugada”.
O presidente também reclamou da data em que a Petrobras divulgou os reajustes dos combustíveis, sem esperar que o Congresso aprovasse os projetos que reduzem o ICMS. “Se pudesse deixar para dar o reajuste nas segunda ou na terça, estaria tudo resolvido tranquilamente. Em vez de aumentar o diesel em 90 centavos por litro, aumentaria 30 centavos”, disse.
Ex-ministros
Na live de hoje, Bolsonaro também divulgou a lista de seus ministros que devem deixar o governo para se candidatar nas eleições deste ano.
Serão oito:
- Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, será candidata ao Senado pelo Amapá;
- Gilson Machado, do Turismo, sairá candidato ao Senado por Pernambuco;
- Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, será candidato ao governo de São Paulo;
- Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, será candidato a senador pelo Rio Grande do Norte;
- Onyx Lorenzoni, do Trabalho e Previdência, será candidato a governador do Rio Grande do Sul;
- Tereza Cristina, da Agricultura, vai se candidatar ao Senado por Mato Grosso do Sul;
- Flávia Arruda, chefe da Secretaria de Governo, sairá ao Senado pelo Distrito Federal;
- João Roma, ministro da Cidadania, vai se candidatar ao governo da Bahia;
- Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, vai se candidatar a deputado federal por São Paulo.
Os ministros devem deixar seus cargos até o dia 1 de abril para registrar as candidaturas.
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