Brasil perde 25 milhões de toneladas de grãos para a seca

Governo reduziu pelo terceiro mês consecutivo a estimativa para a produção deste ano por conta de problemas de estiagem

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Bloomberg Línea — O Brasil vai deixar de colher neste ano 25,4 milhões de toneladas de grãos devido aos problemas climáticos enfrentados pelos produtores nacionais, especialmente da região Sul do Brasil. A falta de chuvas durante o desenvolvimento das lavouras no Paraná, Rio Grande do Sul e também em Mato Grosso do Sul fez com que a produtividade média do país caísse para um nível inferior ao registrado no ano passado e atingisse o pior desempenho dos últimos seis anos.

A situação se mostra mais crítica no Paraná e no Rio Grande do Sul. O rendimento das lavouras no Paraná será 6,5% inferior ao registrado no ano passado. Essa é a pior produtividade das lavouras do Paraná dos últimos 13 anos, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Neste ano, serão colhidos pouco mais de 3 mil quilos por hectare. Desempenho pior do que esse foi apenas em 2009, quando o Estado produziu, em média, 2,83 mil quilos de grãos por hectare.

No Rio Grande do Sul o cenário é ainda mais grave. A produtividade das lavouras de grãos do Estado já alcançou o patamar mais baixo em 17 anos. Desde 2005 que os produtores gaúchos não enfrentam uma crise de rendimento das lavouras tão crítica como a que tem se mostrado neste ano. Naquela ocasião, a produtividade média do Estado foi de 1,7 mil toneladas por hectare, enquanto neste ano os números indicam uma colheita de apenas 2,64 mil toneladas por hectare.

O resultado da queda de rendimento será uma produção nacional menor. Segundo a Conab, o Brasil vai colher neste ano 265,7 milhões de toneladas de grãos, volume que representa uma queda de aproximadamente 1% em comparação à estimativa de fevereiro. Esse foi o terceiro mês consecutivo que a Conab revisou para baixou sua estimativa, depois de projetar em dezembro do ano passado que a produção nacional de grãos seria de 291,1 milhões de toneladas.

“Fevereiro foi marcado por grandes acumulados de chuva em quase todo o território nacional. Porém, na região Sul, porção leste da região Nordeste, sul do Mato Grosso do Sul e São Paulo, as chuvas foram mais escassas, impactando diretamente no desenvolvimento das culturas de primeira safra que se encontravam nas fases de floração e enchimento de grãos”, disse a Conab.

Segundo a estatal, choveu abaixo da média na região Sul, com uma média de 120 milímetros de chuva no mês passado. Historicamente, fevereiro é um mês em que se registra entre 125 e 200 milímetros de precipitações na região. Os efeitos do La Niña foram os principais fatores responsáveis por longos períodos de seca no Sul do país, impactando negativamente a produção de grãos. “Além disso, foram registradas altas temperaturas, ocasionando eventos de ondas de calor na região, que contribuiu ainda mais para a redução da umidade do solo e, consequentemente, da produtividade agrícola, principalmente para a cultura da soja”, informou a Conab.

Diante de condições climáticas ainda desfavoráveis. A Conab revisou para 11,7 milhões de toneladas a produção de soja do Paraná, reduziu em 10% o tamanho da safra em comparação a fevereiro e promovendo um corte de 1,3 milhão de toneladas. No caso do Rio Grande do Sul, o ajuste foi ainda maior. O Estado deve colher 11,2 milhões de toneladas, 18,2% a menos do que era esperado até o mês passado. A safra de soja do Rio Grande do Sul já está mais de 45% menor do que o volume colhido no ano passado.