Bloomberg Línea — A história do nome Rothschild começa na Alemanha em meados da segunda metade do século XVI, mas sua ascensão ocorre pouco mais de 130 anos depois, no início do século XVIII. O patriarca Mayer Amschel Rothschild enviou cada um dos seus cinco filhos para um país da Europa e foi na França e na Inglaterra que os negócios prosperaram com mais intensidade.
A família está ligada a alguns dos maiores eventos da história do mundo moderno, intermediando negócios para reis e, muitas vezes, financiando países inteiros. A rede de bancos construída pela família na Europa é vista por muitos como o primeiro grupo a estabelecer uma rede financeira internacional. O banco inglês Rothschild foi, inclusive, um dos que financiou a independência do Brasil em 1822.
Na França, além dos bancos, a família também é conhecida no mundo dos vinhos. Em 1853, o ramo inglês dos Rothschild apostou no segmento e adquiriu o Château Mouton de Pauillac, que foi renomeado para Château Mouton Rothschild. Cerca de 15 anos depois, o braço francês da família adquiriu o Château Lafite, constituindo o Château Lafite Rothschild. Ambos fazem parte do seleto grupo das únicas cinco vinícolas francesas da região de Bordeaux a ter o selo “Premier Grand Cru”, classificação estabelecida pelo governo da França em 1855.
Quase 200 anos se passaram desde a independência e hoje um dos herdeiros da família escolheu o Brasil para viver. O banqueiro Philippe de Nicolay Rothschild mora atualmente no interior de São Paulo, mas sua porta de entrada foi Trancoso, no sul da Bahia. Ele conta como escolheu o Brasil para passar férias, depois de ter enfrentado e sobrevivido ao tsunami da Tailândia em 2005. “Aqui não vai ter tsunami, não vai ter tornado, não vai ter terremoto. Esse foi o critério depois de passar o que passei”, conta.
Apaixonado pelo lugar, comprou um terreno, construiu uma casa e a inaugurou no Natal de 2009. Depois que voltou para Paris, com a crise de 2007 e 2008 ainda estava muito presente no cenário europeu, ele disse para o irmão “eu não vejo a Europa crescer, acho que o futuro é em outro país e esse país pode ser o Brasil”. Quando chegou para ficar em definitivo até tentou abrir uma subsidiária do histórico banco Rothschild, mas desistiu quando se deu conta de que precisaria investir muito para ter um retorno dentro de um prazo muito longo.
Foi aí que ligou para os importadores responsáveis por trazer para o Brasil os vinhos produzidos nos châteaus da família Rothschild na França. “Quase caí da cadeira quando recebi os preços. Chamei um advogado tributarista, fiz as contas e descobri qual era a margem que estavam operando”, diz. E ele conta se investir em vinho é ou não um bom negócio. No caso do Lafite Rothschild, foram necessários 89 anos para dar lucro.
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