Bloomberg — O governo da Venezuela libertou dois presos políticos na terça-feira (8), dias depois de realizar uma rara reunião com membros do governo Biden para discutir o fim das sanções do petróleo.
O presidente Nicolás Maduro liberou Gustavo Cárdenas, cidadão americano e ex-executivo da petrolífera Citgo, segundo seu advogado Diego Barboza. O cidadão cubano-americano Jorge Fernandez, preso em fevereiro de 2021, também foi libertado, segundo seus advogados.
A decisão ocorreu após uma visita surpresa de autoridades dos Estados Unidos no sábado (5), na qual discutiram uma possível renúncia a algumas sanções. Se promulgado, isso permitiria à Venezuela aumentar seu comércio de petróleo e proporcionar ao governo Biden uma vitória em sua tentativa de afastar aliados da Rússia após a invasão na Ucrânia.
Biden confirmou as libertações em comunicado na noite de terça-feira, dizendo que o governo continuará lutando pelo retorno de outros prisioneiros mantidos na Venezuela e em outros países. Ele agradeceu ao Enviado Presidencial Especial para Assuntos de Reféns Roger Carstens, que, segundo pessoas a par do assunto, também participou das negociações em Caracas.
“Esta noite, dois americanos detidos injustamente na Venezuela poderão voltar a abraçar suas famílias”, disse Biden no comunicado divulgado pela Casa Branca.
Na segunda-feira (7), Maduro disse que as conversas do fim de semana foram cordiais e produtivas. “Concordamos em questões de interesse para uma agenda daqui para frente”, disse ele.
Cárdenas foi preso em 2017 e acusado de corrupção, juntamente com outros cinco executivos do complexo de refino da Venezuela nos EUA, a Citgo. Fernandez foi acusado de terrorismo depois de ser pego na fronteira com a Colômbia portando uma identidade falsa e um drone.
Mesmo com a libertação dos homens, cerca de 240 outros presos políticos estão detidos no país, segundo uma organização de direitos humanos com sede em Caracas, a Foro Penal.
A Venezuela está sob sanções econômicas e petrolíferas desde 2019, depois que os EUA e dezenas de outros países reconheceram o líder da oposição Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. O país, governado por Maduro desde 2013, já lutava contra uma profunda recessão e hiperinflação enquanto passava por uma das piores crises migratórias recentes do hemisfério sul.
Buscando sobreviver à crise paralisante derivada das sanções, Maduro transformou seu governo socialista em uma economia mais capitalista, permitindo que os dólares americanos circulassem livremente, encerrando impostos sobre uma ampla gama de importações e aliviando as restrições ao setor privado.
Mas as sanções continuaram afetando a produção de petróleo do país, que, de cerca de 3 milhões de barris por dia em 2001, caiu para 800 mil. A renúncia das sanções pode permitir que a Venezuela normalize as exportações e compre as peças necessárias para aumentar a produção e preencher a lacuna deixada pela petróleo russo.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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