Bloomberg Línea — Em 2020, 65% das médias e grandes indústrias brasileiras investiram em pesquisa e desenvolvimento. E 89% delas aportaram recursos próprios no setor, sem ajuda de linhas de financiamento públicas ou empréstimos bancários. É o que mostra pesquisa Consulta sobre P&D e Inovação Empresarial, da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada nesta quarta-feira (9) no 9º Congresso de Inovação da Indústria.
De acordo com o estudo, só 9% das grandes e médias indústrias brasileiras usaram linhas de financiamento público para investir em pesquisa. E só 3% recorreram a financiamento privado.
Mesmo assim, 73% das empresas disseram ter lançado produtos ou desenvolvido processos em decorrência de seus investimentos em inovação em 2020. Em 2019, essa cifra ficou em 68%.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, os dados mostram que “o Brasil não prioriza ciência, tecnologia e inovação”, o que obriga as empresas a investir na área com baixo apoio público.
Segundo ele, os dados mais recentes são de que o país investiu 1,21% do PIB em pesquisa e desenvolvimento em 2019, incluindo recursos públicos e privados. Um ano antes, os aportes foram de 1,17%. Ou seja, há duas décadas o Brasil se mantém distante do patamar de 2% [do PIB], tendo em vista que em 2000 o investimento foi de 1,05%, afirma.
“Estamos na contramão dos países desenvolvidos, que reconhecem o papel do Estado no fomento à inovação, ciência e tecnologia. Os frutos de um ambiente nacional mais aberto para a inovação são colhidos pela própria sociedade, com aumento da qualidade de vida das pessoas, redução do custo da tecnologia e criação de empregos melhores”, avalia Robson Andrade.
Inovação e RH
De acordo com a pesquisa da CNI, as empresas disseram que 56,9% dos seus investimentos em inovação foram gastos com pessoal. Outros 20,6% foram gastos de capital e 22,6%, gastos correntes.
O levantamento apontou ainda que, em média, as indústrias empregavam 117 pessoas na área de pesquisa e desenvolvimento em 2020. Desse total, 63 são pesquisadores graduados, três são doutores, oito são mestres, 15 são técnicos e 14 são profissionais de ensino médio.
A consulta empresarial foi realizada pela CNI entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022, junto a executivos e CEOs de 196 empresas atuantes no setor de serviços, indústrias extrativas e de transformação com mais de 50 trabalhadores.