Bloomberg — A Philip Morris International (PM) foi a mais recente grande empresa de tabaco a reduzir suas operações na Rússia, entrando para o grande rol do êxodo de empresas europeias e americanas do país.
A fabricante de cigarros Marlboro disse na quarta-feira (9) que suspenderá os investimentos planejados no país, incluindo todos os lançamentos de novos produtos. A empresa também reduzirá a produção em meio a interrupções na cadeia de suprimentos, embora um porta-voz se recusou a fornecer detalhes sobre como ou até que ponto a empresa pretende desacelerar seu ritmo.
A Imperial Brands foi a primeira grande fabricante de cigarros a suspender suas operações na Rússia. A empresa, que vende cigarros Gauloises, disse que interromperá a produção em sua fábrica de Volgogrado e interromperá as vendas e o marketing no país. Seus mil funcionários no país continuarão sendo remunerados. A British American Tobacco disse que suspendeu todos os investimentos de capital na Rússia e se concentrará em seus produtos de tabaco fabricados localmente enquanto reduz o marketing.
As sanções internacionais levaram a graves interrupções nos negócios, dificultando a operação na Rússia, disse a Imperial. Ainda assim, suas maiores concorrentes, como Philip Morris e Japan Tobacco International, dependem muito mais desse mercado para obter lucros.
Apelo nas redes sociais
A Imperial obtém menos de 1% do lucro operacional total ajustado da Rússia e da Ucrânia, ao passo que a Rússia é o segundo maior destino das remessas da Philip Morris. O país também tem sido um dos maiores mercados para o produto de tabaco aquecido IQOS da Philip Morris, uma alternativa aos cigarros combustíveis.
A Japan Tobacco gera cerca de 10% do lucro da Rússia e da Ucrânia, de acordo com o analista da Jefferies, Owen Bennett. A empresa com sede em Tóquio não quis comentar.
A Philip Morris pode em breve revisar sua previsão de crescimento orgânico de vendas de 5% e lucro anual ajustado de 9% por ação até 2023, segundo o analista da Bloomberg Intelligence, Kenneth Shea.
Enquanto as grandes empresas de tabaco anunciaram fechamentos temporários na Ucrânia, a maioria manteve suas fábricas abertas. Isso levou a um crescente clamor nas mídias sociais pela suspensão de seus negócios no país.
A Scandinavian Tobacco, fabricante de tabaco para cachimbo e charutos, interrompeu as operações na Rússia em 1º de março. A empresa dinamarquesa disse que pretendia “pressionar o regime russo e deixar claro que não aceitaremos suas ações”.
A Rússia é o quarto maior mercado de cigarros do mundo em volume, e quase um terço de sua população adulta fuma. O mercado de tabaco de US$ 18 bilhões do país é amplamente dominado por empresas estrangeiras, e a interrupção das vendas de cigarros eliminaria bilhões de rublos em receitas oriundas dos impostos sobre o tabaco, que totalizaram 560 bilhões de rublos (US$ 4,2 bilhões) em 2019, segundo a Statista.
Um número crescente de empresas dos Estados Unidos e da Europa, desde McDonald’s (MCD) a Rolex e Amazon.com (AMZN), anunciaram decisões de interromper pelo menos parte de suas operações na Rússia à medida que a retaliação à guerra aumenta.
Até agora, as gigantes do tabaco haviam sido um obstáculo.
Um dos riscos de suspender operações na Rússia e na Ucrânia é que isso pode alimentar um aumento no contrabando de cigarros. Cigarros falsificados trazem riscos adicionais à saúde na ausência de controle de qualidade e podem ajudar a financiar o crime organizado e o terrorismo.
As empresas de tabaco empregam milhares de pessoas na Rússia em escritórios regionais e fábricas. A Philip Morris conta com cerca de 4 mil funcionários, ao passo que a Japan Tobacco, que vende cigarros Winston e marcas russas como Donskoy Tabak e Peter I, tem cerca de 4,5 mil funcionários. A British American Tobacco tem 2,5 mil funcionários na Rússia.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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