BRF e M.Dias Branco perdem R$ 4,5 bi em valor de mercado com a guerra

Empresas foram as mais afetadas entre as companhias do agronegócio em 11 dias de conflitos armados entre Rússia e Ucrânia, mas há quem tenha se beneficiado

BRF e M.Dias Branco perderam mais de R$ 4,5 bilhões em valor de mercado desde i início do conflito entre Rússia e Ucrânia
07 de Março, 2022 | 10:04 PM

Bloomberg Línea — Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia no último dia 24 de fevereiro, duas ações tem sentido os efeitos da guerra no preço de suas ações. Juntas, BRF (BRFS3) e M.Dias Branco (MDIA3) já perderam mais de R$ 4,5 bilhões em valor de mercado em 11 dias de conflito entre os dois países. O valor de seus papeis na bolsa brasileira se desvalorizaram 17,2% e 16,8%, respectivamente, desde o dia em que o presidente russo autorizou a invasão.

A BRF é quem mais sentiu os efeitos da guerra. A empresa que no mercado interno é mais conhecida por suas marcas de alimentos (Sadia e Perdigão), no mercado externo atua nas vendas de aves e suínos. No passado, o mercado russo já foi um dos mais importantes para as duas proteínas, mas iniciou um plano para reduzir sua dependência de fornecedores externos. O país obteve mais sucesso na produção de suínos do que na de frango, porém, permaneceu como destino importante para empresas brasileiras como a BRF.

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Com o avanço das sanções impostas por Estados Unidos e Europa, ficou mais difícil exportar, uma vez que as linhas de crédito tradicionalmente utilizadas no comércio entre os países secaram. Assim, o mercado tem precificado as ações da BRF e a empresa já perdeu em 11 dias de guerra pouco mais de R$ 3,22 bilhões em seu valor de mercado. Aliado a esse fator, a empresa também está exposta à valorização do milho, matéria-prima fundamental para a produção de aves e suínos, que já subiu mais de 14% desde o inicio da guerra.

No caso da M.Dias Branco, o mercado está estimando que a empresa poderá ter problemas com o forte aumento dos custos de produção. Fabricante de massas e biscoitos, produtos que têm o trigo como matéria-prima básica, a empresa tende a ter dificuldades em reajustar seus preços na mesma proporção que o cereal tem subido no mercado internacional. Nos mesmos 11 dias que a empresa perdeu R$ 1,31 bilhão em seu valor de mercado, as cotações do trigo já acumulam uma valorização de quase 40% na bolsa de Chicago.

Se por um lado há quem esteja tendo prejuízo com a guerra, há quem tenha motivos para não reclamar. Desde o início da guerra, a gaúcha SLC (SLCE3) viu o preço de suas ações se valorizar 18,5%. Mesmo não sendo produtora de trigo, a leitura do mercado é que a valorização do cereal pode puxar as demais commodities agrícolas e favorecer a empresa, que atua na produção comercialização de soja, milho e algodão. Nos 11 dias de guerra, soja e milho já subiram, respectivamente, 5%, 14,3% e o algodão acumula uma queda de 1,4%. Dentro desse cenário, a SLC viu seu valar de mercado crescer R$ 1,77 bilhão no período. No fechamento de segunda-feira (07/03), a companhia valia R$ 11,3 bilhões.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.