São Paulo — A partir de amanhã (8), não será mais possível fazer pedidos de restaurantes no app do Uber Eats. O Uber enviou, nesta segunda-feira (7), um aviso aos clientes sobre a decisão anunciada no dia 6 de janeiro. Em seu comunicado aos clientes, o Uber lembrou que o usuário do seu app ou do app da Corneshop by Uber ainda poderá fazer pedidos de mercado em lojas como Carrefour, Big e Pão de Açúcar, além de farmácias e lojas de conveniência.
A companhia dos EUA tinha uma fatia de só 13% do mercado brasileiro de entrega de comida, bem atrás do iFood, líder com 83%. Sem condições de liderar esse mercado, que tem outros players como Rappi, 99Food e Goomer, a empresa acabou desistindo dos restaurantes, preferindo focar em produtos de adegas, petshops e itens de conveniência.
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Com o Uber Eats fora do segmento de refeições, espera-se mais concentração de mercado, embora se abra espaço também para novas startups explorando esse nicho.
“Vemos um mercado cada vez mais concentrado e menos favorável aos restaurantes e, consequentemente, ao consumidor de delivery. Mercados saudáveis são mercados onde a competição é mais acirrada, há um líder, naturalmente, mas a diferença para o segundo colocado não pode ser gritante a ponto de fazê-lo desistir, como ocorreu agora”, avalia André Mortari, CEO da LET’s Delivery, consultoria em gestão de cozinhas e restaurantes em operações de delivery e dona de uma plataforma web para a gestão de pedidos.
Aproveitando a saída do Uber Eats, a LET’s Delivery decidiu oferecer sua ferramenta a taxa zero para dar fôlego no mercado. Integrando todas as plataformas de delivery no mercado, o software LET’s Delivery Max permite, em um único ambiente, que o restaurante organize a produção, tenha visões de performance e faça alterações nos cardápios e horário de funcionamento da casa.
Outros players tentam ocupar o espaço do Uber Eats. O Pede Pronto, plataforma de pedidos digitais da Alelo, é um desses. O carro chefe do aplicativo é o serviço de retirada (Take Away), em que o consumidor visualiza o cardápio do estabelecimento pelo celular, escolhe seu prato e faz o pagamento pelo aplicativo. Enquanto o restaurante prepara o pedido, o consumidor acompanha tudo pela tela do celular e é avisado quando o pedido fica pronto, para retirá-lo no balcão.
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“Queremos facilitar a relação de consumo com os estabelecimentos, não apenas eliminando filas e facilitando o pagamento, mas também democratizando o serviço de pedidos digitais. Fazemos isso não apenas por meio de cupons de descontos proporcionados pela nossa plataforma, mas pelo nosso modelo de negócio que opera com taxas mais baixas, cujos preços reduzidos são repassados ao consumidor”, diz João Bibar, head de startup de Pede Pronto, em nota.
Nos últimos meses a empresa fechou parcerias com eventos em São Paulo como Dinner in the Sky São Paulo e Jaguariúna Rodeo Festival, como também passou a assinar como o aplicativo oficial de Alimentos e Bebidas do Allianz Parque, operando durante jogos e shows realizados no estádio.
Apps regionais também estão aproveitando o encerramento das entregas de refeições pelo Uber Eats para justificar seus planos de expansão, principalmente nas regiões mais afastadas das capitais. Em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), o Alfred Delivery se posiciona como o app de cidades menores com taxas menores, entregando desde refeições até documentos, compras de supermercado, farmácia, pet shop, entre outros.
Segundo Myrko Micali, sócio-fundador e CEO do Alfred Delivery, a carência de entregas e falta de mão de obra para entregas rápidas em Ribeirão Preto fizeram nascer a startup que tem a proposta de “entregar onde ninguém quer”. Como não pertence a grandes redes varejistas, a empresa cita seus diferenciais logísticos, dizendo fazer entregas em 28 minutos, em média, e através do modelo de licenciamento. Hoje a Alfred Delivery diz estar presente em 23 estados e 160 cidades, com mais de 13 mil.
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