Trigo sobe 7%, tem sexta alta seguida e vai ao maior valor da história

Sem embarques na região do Mar Negro, consultorias internacionais já apontam para queda nas exportações da Rússia e redução dos estoques globais

Guerra na Ucrânia faz preços dispararem com temores de aperto no abastecimento já frágil
07 de Março, 2022 | 06:14 PM

Bloomberg Línea — Os preços do trigo abriram os negócios da segunda-feira em alta no limite da bolsa, permaneceram assim durante todo o pregão e fecharam o primeiro dia da semana nesse mesmo patamar. As cotações do cereal para entrega em maio registraram uma valorização de 7% e terminaram o dia valendo US$ 12,94 por bushel.

Ainda sem registrar embarques, os exportadores que atuam na região do Mar Negro seguem sem saber quando as vendas serão retomadas. Algumas consultorias como a SovEcon já estimam que as exportações de trigo da Rússia terão uma redução de aproximadamente 1 milhão de toneladas. Sem o abastecimento da região, os importadores seguem buscando outras fontes. As mais tradicionais seriam Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas países como França, Bulgária e Romênia também aparecem na lista de possível candidatos a atender a demanda global.

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A ameaça de o trigo russo também entrar na lista de produtos banidos da importação americana também garantiu sustentação aos preços. Mesmo sem uma confirmação da Casa Branca, operadores temem que os Estados Unidos sigam em frente com a ameaça de deixar de importar gás e petróleo da Rússia e incluam na relação o trigo. Na prática, a medida não teria impactos para o consumo e os preços internos, mas poderia motivar outros países a tomar medidas semelhantes, que tiraria do mercado o maior exportador mundial do cereal.

Na soja o dia foi de bastante volatilidade. Com a alta do petróleo, as cotações do grão já registraram valorização desde antes da abertura do mercado, motivadas pelo possível aumento dos preços do biodiesel, acompanhando a tendência do combustível fóssil.

Contudo, ao longo do dia, os preços da soja reverteram a tendência e chegaram a operar em queda, em um movimento de realização de lucros. Ainda assim, sinais de um aquecimento da demanda vindo da China, com uma compra de 132 mil toneladas anunciadas hoje de de soja americana, garantiram uma leve alta no pregão de hoje. O contrato para maio fechou a US$ 16,61 por bushel, com ganho de 0,3%.

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O milho terminou o pregão de hoje em queda. O vencimento maio recuou 0,3% para US$ 7,50 por bushel. Depois de seis pregões consecutivos em alta, o mercado aproveitou o bom momento para realizar lucros, diante de poucas novidades em relação a Ucrânia. Contudo, os operadores ainda seguem atentos aos preparativos para o próximo plantio no país do leste Europeu, que é um dos maiores exportadores do mundo. A ameaça de uma oferta menor em meio a uma demanda crescente pelo cereal, tende a manter os preços em patamares elevados.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.