Petróleo Brent vai de US$ 119 a US$ 139 com temor sobre choque de oferta

Preços de energia, níquel, trigo, entre outras commodities, têm novos recordes, exacerbando receio de choque inflacionário

Perforación
Por Devika Krishna Kumar e Sheela Tobben
07 de Março, 2022 | 04:52 PM

Bloomberg — O petróleo teve sua maior oscilação diária de todos os tempos, com o Brent subindo para quase US$ 140 depois que os EUA disseram que estavam considerando proibir as importações de petróleo russo.

O benchmark internacional posteriormente recuou para cerca de US$ 124 e o West Texas Intermediate foi negociado perto de US$ 120. Os preços do petróleo, e de commodities como níquel e trigo, estão subindo para novos recordes, exacerbando os temores de um grande choque inflacionário na economia global.

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O petróleo saltou na abertura do mercado após notícias de que o governo Biden está ponderando se deve proibir as importações de petróleo russo sem a participação de aliados na Europa, pelo menos inicialmente, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Os preços reduziram os ganhos depois que a Alemanha disse que não tem planos de interromper as importações de energia russa, reforçando a volatilidade no mercado. Enquanto isso, autoridades russas e ucranianas disseram que as negociações entre as duas nações não produziram resultados.

“Os EUA estão minimizando a possibilidade de uma crise de oferta”, disse Louise Dickson, analista sênior de mercado de petróleo da Rystad Energy. Uma proibição total de exportação de petróleo russo dos EUA e seus aliados poderia remover até 4 milhões de barris por dia do mercado, e a participação da China e da Índia tiraria ainda mais esse volume”, disse.

Pressão nos combustíveis

O aumento dos preços do petróleo e os temores de oferta também estão elevando o preço dos combustíveis. Os futuros de diesel na Europa e nos EUA atingiram o maior nível em décadas. O chamado spread rápido para o diesel na Intercontinental Exchange da Europa atingiu um recorde. Os contratos futuros de gasolina nos EUA também subiram para a máxima registrada desde 2005. Os preços nas bombas americanas estão a apenas 5 centavos de dólar por galão de uma alta histórica de 14 anos atrás.

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Os preços recordes do petróleo e de outras commodities estão despertando atenção em todos os lugares. O Fundo Monetário Internacional alertou no fim de semana sobre graves consequências para a economia global. Os principais importadores de petróleo estão começando a ficar sob pressão, com a rupia entre os maiores perdedores da moeda na Ásia, em meio a temores de que o Reserve Bank of India terá que aumentar sua previsão de inflação, mas tem pouco espaço para apertar a política monetária.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse à NBC no fim de semana que a Casa Branca está em “discussões muito ativas” com a Europa sobre um maior aperto econômico sobre Putin, mas a maioria dos compradores está se recusando a aceitá-lo de qualquer maneira.

A certa altura na segunda-feira, o Brent subiu US$ 21, já que o mercado se ajustou à possibilidade de perder suprimentos de um dos três maiores produtores do mundo. O JPMorgan Chase & Co. (JPM) disse que o Brent pode encerrar o ano a US$ 185 o barril se os embarques russos continuarem sendo interrompidos, enquanto um fundo de hedge disse que até US$ 200 é uma possibilidade.

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“Temos muitas reviravoltas por vir”, disse Mike Muller, chefe da Ásia do Vitol Group, em um podcast produzido pela consultora e editora Gulf Intelligence, com sede em Dubai. “Embora eu ache que o mundo já está precificando o fato de que haverá dificuldade de absorver uma quantidade importante de petróleo russo, acho que ainda não precificamos tudo.”

Preços:

  • O Brent para liquidação em maio avançou 4,38%, para US$ 122,49 por barril, às 14h47 em Nova York (16h47 em Brasília), depois de subir para US$ 139,13 na Ásia;
  • O contrato subiu 21% na semana passada;
  • West Texas Intermediate para abril subiu 4,2%, para US$ 119,88;

Alta volatilidade

As oscilações recentes do Brent estão ofuscando as ocorridas durante a crise financeira global de 2008 e a queda na demanda provocada pela pandemia de coronavírus. Traders, transportadores, seguradoras e bancos estão cada vez mais cautelosos em assumir ou financiar compras de barris russos enquanto enfrentam sanções financeiras internacionais.

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Há esforços em andamento para tentar aumentar a oferta. Dois altos funcionários dos EUA se reuniram com membros do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas para discutir o fornecimento global de petróleo e os laços do país com a Rússia, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Enquanto isso, o Irã avançou em um acordo com as potências mundiais sobre seu programa nuclear, o que pode abrir caminho para que as sanções ao petróleo de Teerã sejam suspensas até o terceiro trimestre.

Mais imediatamente, porém, a oferta de alguns dos outros maiores produtores continua sendo uma preocupação. A Líbia, membro da Opep, disse que sua produção caiu abaixo de 1 milhão de barris por dia por causa de uma crise política doméstica. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados na semana passada também decidiram manter apenas aumentos graduais de produção.

--Com a colaboração de Elizabeth Low e Rob Verdonck

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