Morgan Stanley diz que Rússia deve entrar em ‘default’ como Venezuela

“Vemos o default como o cenário mais provável”, escreveu Simon Waever, chefe global de estratégia de crédito soberano de mercados emergentes da empresa

Dívida soberana da Rússia rendeu aos investidores perdas médias de 81%
Por Maria Elena Vizcaino
07 de Março, 2022 | 08:19 PM

Bloomberg — As chances de a Rússia cumprir os pagamentos de sua dívida externa estão diminuindo à medida que os preços dos títulos caem, a recessão no país se aproxima e várias restrições de pagamento se acumulam após a invasão da Ucrânia, segundo o Morgan Stanley (MS).

“Vemos o default como o cenário mais provável”, escreveu Simon Waever, chefe global de estratégia de crédito soberano de mercados emergentes da empresa, em nota na segunda-feira (7). “Em caso de inadimplência, é improvável que seja um processo normal. O caso da Venezuela talvez seja a comparação mais próxima.”

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O default pode ocorrer em 15 de abril, que marcará o fim de um período de carência de 30 dias para pagamentos de cupons que o governo russo deve em títulos em dólar com vencimento em 2023 e 2043, disse ele.

Os preços indicativos mostram que os investidores avaliam os títulos de 2023 em cerca de 29 centavos de dólar, o menor de todos os tempos, de acordo com dados coletados pela Bloomberg, embora pareça não ter havido negociações nesse nível. Nos dias antes da Rússia invadir a Ucrânia no mês passado, a dívida estava sendo negociada em condições melhores do que o esperado.

Embora seja raro que a dívida soberana caia para um dígito, o Morgan Stanley disse que os títulos da Rússia “podem chegar perto disso”. Líbano e Venezuela são os únicos exemplos recentes da dívida de um país ter chegado a um nível tão baixo .

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A nação sul-americana e sua estatal petrolífera, Petroleos de Venezuela, deram um calote de US$ 60 bilhões há mais de quatro anos. Os Estados Unidos impuseram sanções proibindo a negociação dos títulos em 2019, após uma eleição presidencial contestada no ano anterior. Agora, alguns dos títulos são negociados a apenas centavos de dólar.

De acordo com Waever, a Rússia é como a Venezuela porque também possui ativos petrolíferos significativos que só entrariam em jogo quando as sanções fossem removidas. Se os títulos entrarem em default e os credores obtiverem decisões judiciais, um risco positivo seria a capacidade de acessar todos os ativos agora congelados fora da Rússia, incluindo reservas cambiais, escreveu ele.

Os CDSs (credit default swaps) de cinco anos subiram para mais de 2.500 pontos-base à medida que os investidores precificam uma maior probabilidade de pagamentos perdidos com o avanço da guerra.

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Enquanto isso, a dívida soberana da Rússia rendeu aos investidores perdas médias de 81% desde o início do ano, segundo dados compilados por um índice da Bloomberg. Apenas a dívida em dólares do governo de Belarus teve um desempenho pior em 2022, com perdas de 93%, mostram os dados.

A falta de pagamento pode estar ligada à falta de vontade da Rússia de pagar os credores estrangeiros por causa das sanções impostas pelos EUA e seus aliados. Há alguma incerteza em torno da possibilidade dos bancos americanos aceitarem pagamentos de cupons do Ministério das Finanças da Rússia, de acordo com o Morgan Stanley.

Os pagamentos a investidores estrangeiros dependerão de sanções introduzidas contra a Rússia e “isenções estabelecidas pelas licenças e autorizações relevantes”, segundo o Ministério das Finanças em Moscou.

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“O potencial de vendas significativas adicionais colocará uma pressão negativa ainda maior sobre os preços”, escreveu Waever. “Vemos muito pouco incentivo para qualquer investidor entrar em títulos soberanos russos neste momento.”

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, localization specialist da Bloomberg Línea.

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