Klivo anuncia extensão da Série A com Yaya Capital e Kortex Ventures

A gestora da família Moll e o fundo do Grupo Fleury e Grupo Sabin investiram R$ 5 milhões na startup

André Sá (ex-sócio do BTG Pactual e da Stone) e Marcelo Toledo (ex-sócio do Nubank), cofundadores da healthtech Klivo
07 de Março, 2022 | 10:00 AM

São Paulo — A healthtech Klivo captou uma extensão de R$ 5 milhões da sua Série A com a Yaya Capital e Kortex Ventures. A rodada complementa o aporte de R$ 45 milhões do final do ano passado, liderado pelo Valor Capital Group.

“O setor de saúde tem desafios grandes e é um setor muito estratégico, relevante para o país, relevante na vida das pessoas, mas ao mesmo tempo é um setor mais conservador”, disse André Sá, cofundador da Klivo. Sá é ex-sócio do BTG Pactual e da Stone, e se juntou ao empreendedor Marcelo Toledo (ex-sócio do Nubank) para criar a Klivo no segundo trimestre de 2019. A startup se propõe a tratar pacientes com doenças crônicas usando aparelhos, dados e um aplicativo para monitoramento contínuo.

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Por isso, a empresa está estendendo a Série A com players conhecidos da área, como a empresa de investimentos Yaya Capital, que tem entre seus fundadores membros a família Moll, da Rede D’Or São Luiz, maior grupo privado de saúde do Brasil. Os laboratórios Fleury e Sabin também entraram no investimento por meio de sua iniciativa de Corporate Venture, o fundo Kortex Ventures.

A Klivo também tem entre seus investidores de rodadas passadas o Civilization Ventures, Tau Ventures e Reaction, os fundos brasileiros Canary e Norte Ventures e o hospital Albert Einstein também têm uma fatia do investimento na Klivo. Esses nomes ajudam a startup a se inserir no mercado, segundo Sá.

“Não existe MVP (minimum viable product) em saúde. Ninguém quer comprar o mínimo”, disse.

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A Klivo terminou 2021 com 23 mil pacientes monitorados. “Os desafios de produto e de crescimento continuam, mas temos mais credibilidade no setor. A gente conseguiu encontrar um produto que está entregando valor para o contratante e para o paciente. Essa extensão do aporte foi muito menos focada no capital e muito mais focada na reputação desses investidores”, afirma o executivo.

A empresa também lançou uma linha nova de produtos, como o de monitoramento de obesidade, o que era uma demanda de alguns clientes, de acordo com o co-fundador.

“A obesidade normalmente é fator de risco de outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão, doenças relacionadas a alterações do colesterol, que a gente já monitorava”.

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Agora a empresa pretende olhar para outras condições e doenças crônicas, como oncologia e saúde mental.

“Quando a gente começou a companhia no final de 2019, tínhamos a tese de que a saúde precisava mudar. Para a saúde mudar, o custo tinha que mudar. Para isso, o paciente precisa ter um protagonismo maior, estar mais envolvido, precisa conhecer sua condição”, afirmou.

Por outro lado, o executivo explica que não dá para cobrar do paciente sem entregar uma boa jornada personalizada para ele. “Não dá para cobrar mais protagonismo do paciente e deixar ele esperando três horas na porta do seu consultório”. Enquanto isso, a pandemia levou a saúde para os principais tópicos. “Tem dois momentos na vida do paciente que ele está disposto a fazer alguma coisa diferente, que é em um diagnóstico ou um evento agudo”, disse Sá.

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Essa atenção para como se consome a saúde com um modelo mais preventivo trouxe oportunidades para algumas empresas do setor, como a Alice, healthtech financiada pelo SoftBank.

Mas, diferentemente da Alice, a Klivo não é uma operadora de planos de saúde. A empresa tem dois grandes tipos de clientes, as operadoras de planos de saúde, como Unimed, Porto Seguro, ou empresas de autogestão, que são empresas grandes que tem seu próprio plano de saúde, como a Petrobras.

“Essas operadoras têm um interesse muito grande em acompanhar esse paciente, principalmente esse paciente de alto custo, que é o paciente crônico, de uma forma um pouco mais longitudinal, ou seja, o que está acontecendo com esse paciente o tempo todo e não só quando ele vai para o pronto-socorro, porque quando ele vem para o pronto-socorro, já aconteceu o custo”.

A ideia da Klivo é acompanhar o paciente crônico para que ele tenha uma melhora clínica e vá menos ao pronto-socorro.

As operadoras contratam a Klivo e pagam por paciente ativo. Com alguns clientes, a Klivo tem uma remuneração variável baseada em resultados, seja melhora clínica, redução de custos ou resultados de engajamento, com aumento de net promoting score.

Para o paciente, o serviço da Klivo é gratuito. “Quando nos contratam, essas operadoras estão olhando como que a gente faz para que esse paciente utilize o sistema de saúde de forma mais racional e por consequência custe menos. Elas nos contratam para que a gente monitore esse paciente”, explicou.

A Klivo também atende a indústria farmacêutica por meio de programas de suporte ao paciente, que historicamente era percebido como um programa de desconto em medicação. Agora, a Klivo agrega esse serviço de acompanhamento do paciente.

“O principal objetivo da indústria é fazer com que o que foi prescrito pelo médico seja cumprido na sua integralidade. A gente vê hoje que um dos maiores desafios é a adesão medicamentosa. E a gente aumenta essa taxa essa adesão em quase 60%”.

Hoje a Klivo tem 36 clientes e tem a meta de crescer três vezes até o fim do ano. A empresa tem 80 funcionários. A Klivo cobre hoje diabetes, hipertensão e obesidade e pretende investir o novo montante em novos produtos e aperfeiçoamento dos que já existem.

(Este texto foi alterado para corrigir cliente para paciente, no parágrafo 17)

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups