Fundos apostam no real com ‘impacto duplo’ de commodities

Traders já elevam apostas de que o BC não conseguirá reduzir o ritmo de aperto monetário como previsto, aumentando a atratividade da moeda brasileira

Por

Bloomberg — O real, a moeda com melhor performance do mundo neste ano, está ficando ainda mais atraente com o impulso duplo da alta das commodities sobre os ativos domésticos.

Investidores têm ficado mais construtivos dado que o aumento dos preços das commodities não só melhora as perspectivas para a economia brasileira, como reitera a necessidade de juros mais altos para combater a inflação. Os traders já têm elevado as apostas de que o Banco Central não conseguirá reduzir o ritmo de aperto monetário como previsto, aumentando a atravidade da moeda brasileira.

Gestoras locais, como a BlueLine Asset Management e a Ace Capital, intensificaram suas apostas otimistas no real, citando uma forte disparada das commodities. Os fundos domésticos reduziram sua posição vendida no real em US$ 5,1 bilhões desde o início de janeiro.

Veja mais: Fundos têm resgate de R$ 810 mi em fevereiro; multimercados lideram saída

“Devemos ver revisões do PIB para cima nas próximas semanas”, disse Fabricio Taschetto, sócio-fundador da Ace Capital, que tem R$ 3,2 bilhões sob gestão.

Economistas elevaram suas projeções para o crescimento do PIB brasileiro neste ano para 0,42% nesta segunda-feira, ante 0,3% na semana passada, de acordo com pesquisa Focus. As estimativas para inflação neste ano e juros em 2023 também subiram.

Na carteira da BlueLine Asset Management, os ativos brasileiros representavam “posições mínimas” durante a maior parte do ano passado, mas, agora, voltaram a ganhar mais relevância, principalmente via câmbio, segundo Giovani Silva, diretor de investimentos da gestora. Países produtores de commodities, como Brasil, Chile, Nova Zelândia, África do Sul e Austrália, estão bem posicionados para o atual momento, disse a BlueLine, em nota aos clientes.

Ao mesmo tempo, o apelo do carrego do real segue melhorando. Depois de elevar a taxa Selic em 875 pontos-base no ano passado, o BC sinalizou uma desaceleração no ritmo do aperto neste mês.

Embora um aumento menor da taxa, de 100 pontos-base, ainda seja o cenário mais provável, as opções negociadas na bolsa local, a B3, agora sugerem uma probabilidade de 19% de outra alta de 150 pontos-base neste mês, contra 9% em meados do mês passado, antes da guerra na Ucrânia.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Milhares nos arredores de Kiev estão acuados em porões

Coinbase bloqueia 25 mil carteiras de criptomoedas ligadas à Rússia