Bloomberg — O fundador da China Evergrande Group teve acesso negado a uma importante reunião política que acontece esta semana. É o mais recente sinal de que o bilionário está perdendo o apoio do Partido Comunista enquanto seu império imobiliário caminha para uma reestruturação conduzida pelo governo.
Hui Ka Yan foi instruído a não participar da convenção anual da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, segundo pessoas com conhecimento do assunto. Ele pediu licença pessoal do encontro, enquanto a Evergrande tenta neutralizar riscos operacionais.
A ausência do magnata é mais uma evidência de que sua posição diminuiu aos olhos das elites do partido depois que a incorporadora se tornou a maior vítima de uma crise de crédito que que abalou o setor imobiliário e a economia do país. Por ora, não há indicação de que Hui tenha sido expulso da conferência ou do partido — movimento que no passado consolidou a queda de empresários politicamente conectados.
Representantes da Evergrande não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da reportagem.
Com mais de US$ 300 bilhões em passivos, a Evergrande enfrenta protestos de investidores individuais que exigem pagamento, além de dificuldades para concluir a construção de mais de 1 milhão de residências. A situação ameaça causar agitação social em um momento em que o presidente Xi Jinping tenta promover a “prosperidade comum.”
Integrante do Partido Comunista por mais de três décadas, Hui foi eleito para se juntar ao órgão consultivo político em 2008. Em seguida, obteve mais dois mandatos de cinco anos. Ele faz parte de um comitê permanente de elite de 300 membros da conferência desde 2013. O bilionário participou ativamente da convenção em anos anteriores, inclusive falando em entrevistas coletivas sobre reformas econômicas e alívio da pobreza.
Em julho, antes da escalada da crise da Evergrande, Hui participou da celebração do 100º aniversário do Partido Comunista. Investidores interpretaram sua presença como sinal de que o governo ainda apoiava o magnata. Desde então, a Evergrande se tornou oficialmente inadimplente e entrou em um processo de reestruturação comandado por autoridades da província de Guangdong, onde a incorporadora foi fundada.
O governo chinês pressionou Hui a usar sua riqueza pessoal para ajudar a pagar os investidores, enquanto o banco central atribuiu o colapso da empresa a sua “própria má gestão” e “expansão imprudente”.
Para a Evergrande e outras companhias do setor, os canais de financiamento secaram com uma iniciativa governamental contra a alavancagem excessiva no ramo imobiliário. A campanha esfriou recentemente, com a queda das vendas e dos preços dos imóveis residenciais.
O primeiro-ministro Li Keqiang prometeu estabilizar os preços das moradias em um evento no sábado. Ele reiterou o mantra de Xi de que casas são para morar e não para especulação, mas também disse que a China vai explorar novos modelos de desenvolvimento habitacional, incluindo o incentivo a aluguéis e compras.
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