Cinco gráficos para entender o caos nas commodities

Conflito entre Rússia e Ucrânia vem afetando oferta de commodities para o mundo; confira movimentações

Guerra na Ucrânia faz preços dispararem com temores de aperto no abastecimento já frágil
Por Sophie Caronello
07 de Março, 2022 | 07:00 PM

Bloomberg — Os preços globais das commodities estão subindo novamente, com enormes ganhos de dois dígitos correndo soltos em todo o scorecard, pressionando ainda mais um mercado já tenso e provocando uma nova ansiedade de estagflação.

O caos no mercado causado pela guerra na Ucrânia atingiu um novo nível na segunda-feira (7), em meio a relatos de que os Estados Unidos estão considerando proibir as importações de petróleo russo. A movimentação ocorreu após um alerta do Fundo Monetário Internacional sobre as consequências econômicas “muito graves” do conflito e as sanções relacionadas impostas a Moscou. O rally do petróleo, trigo, gás natural e níquel está ameaçando uma recuperação econômica ainda frágil da pandemia, exacerbando um aumento inflacionário para os países consumidores de energia e piorando uma crise de custo de vida para milhões.

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Veja alguns dos movimentos mais notáveis do dia e o que eles podem significar para empresas e consumidores comuns.

Petróleo

Os contratos futuros de petróleo Brent subiram até 18% e chegaram a quase US$ 140 o barril, antes de recuar enquanto os traders avaliavam o potencial dos EUA de reprimir as importações de energia russa. A Rússia exporta aproximadamente 5 milhões de barris por dia de petróleo bruto, o equivalente a cerca de 5% do consumo global, bem como quase 3 milhões de barris diários de produtos refinados - combustíveis essenciais como diesel, óleo combustível e uma matéria-prima petroquímica conhecida como nafta. Os analistas do Goldman Sachs Group (GS) estimam que um choque prolongado de US$ 20 no preço do petróleo reduzirá o produto interno bruto em 0,6% na área do euro e 0,3% nos EUA e na China.

Petróleo saltou para quase US$ 140 o barril

Níquel

O níquel subiu até 90% em um dos movimentos de preços mais extremos já vistos na London Metal Exchange, já que os temores sobre o abastecimento pela Rússia deixam os compradores expostos a um aperto histórico. O metal adicionou US$ 26.081 por tonelada métrica, tendo o maior ganho diário em dólar nos 35 anos de história do contrato antes de fechar em US$ 48.078. A Rússia é um dos maiores fornecedores mundiais do metal, e o medo das sanções ou a incapacidade de exportar o metal assustou um mercado já apertado. Mais de 70% do fornecimento global de níquel é destinado à fabricação de aço inoxidável. No entanto, é o uso do metal em baterias para veículos elétricos que realmente chamou a atenção do mercado nos últimos anos.

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Um aumento sem precedentes no níquel

Gás natural

O gás holandês do próximo mês, referência da Europa, subiu até 79% chegando ao equivalente a mais de US$ 600 o barril de petróleo, antes de reduzir alguns ganhos à medida que os temores de oferta crescentes tomaram conta do mercado. As flutuações de preços ficaram na faixa de quase 139 euros por megawatt-hora, a maior diferença já registrada entre altas e baixas intradiárias. Mais notavelmente, o intervalo era equivalente ao preço real há apenas alguns dias. A Rússia fornece cerca de um terço da demanda europeia de gás, e um corte (ou mesmo uma redução) pode colocar em risco a economia e prolongar uma crise de energia no próximo inverno. O combustível é usado principalmente para aquecimento e para gerar eletricidade. As remessas pelos oleodutos permanecem estáveis; a Gazprom PJSC reiterou nesta segunda-feira que os fluxos que cruzam a Ucrânia estão em um nível alto e seguem normalmente. No entanto, os traders continuam nervosos com possíveis interrupções.

Gás natural flutua com temores de interrupção no abastecimento

Trigo

Os preços do trigo estão à beira de um recorde. A intensificação da guerra na Ucrânia está suspendendo o abastecimento de um dos principais celeiro do mundo. Juntamente com a Rússia, os países respondem por 25% dos embarques globais. Os contratos referência em Chicago chegaram ao limite diário pela sexta sessão consecutiva, subindo 7% e chegando a US$ 12,94 por bushel. Esse salto se soma a um sólido aumento de 41% na semana passada, o maior em seis décadas, e eleva os preços ao nível mais alto desde 2008. O contrato de Paris encerrou uma alta histórica depois de saltar até 11%.

Contratos de Chicago aumentaram 68% desde o início do ano

Gasolina

A dor na bomba vai se tornar mais real para os consumidores americanos, já que a gasolina flerta com a maior alta já registrada. O preço médio da gasolina sem chumbo está agora em US$ 4,065 o galão (cerca de US$ 1,08 por litro), apenas 5 centavos abaixo de seu pico. Com os futuros da Nymex subindo para um recorde na segunda-feira, os preços no varejo não ficarão muito atrás, já que os fabricantes de combustíveis se preparam para o início da temporada de verão. Isso, apesar de os EUA liberarem 30 milhões de barris de petróleo de sua Reserva Estratégica de Petróleo.

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Futuros de gasolina dos EUA atingem alta vista em 2005

-- Com a colaboração de Rakteem Katakey, Kim Chipman, Craig Trudell, Thomas Biesheuvel e Chunzi Xu.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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