Possível embargo a petróleo russo amplia volatilidade nos mercados

Restrição a exportações russas pode estender ganho recorde do petróleo na semana passada

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Bloomberg — O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o governo Biden e seus aliados estão discutindo um embargo ao petróleo russo, uma medida que ameaça tornar o mercado de petróleo, que já se encontra aquecido, ainda mais volátil.

A pressão está crescendo sobre os EUA para reagir com mais força à invasão da Ucrânia, restringindo as exportações da principal indústria de energia da Rússia. Enquanto traders, transportadores, seguradoras e bancos estão cada vez mais cautelosos em assumir ou financiar compras de barris russos, um embargo pode estender o ganho recorde do petróleo na semana passada.

“Agora estamos conversando com nossos parceiros e aliados europeus para analisar de maneira coordenada a perspectiva de proibir a importação de petróleo russo, garantindo ao mesmo tempo que ainda haja um suprimento adequado de petróleo nos mercados mundiais”, disse Blinken na CNN. Estado da União” no domingo. “Essa é uma discussão muito ativa enquanto falamos.”

O Vitol Group, maior trader independente de petróleo do mundo, disse que o mercado de petróleo pode ficar ainda mais apertado com interrupções nos fluxos russos e à medida que produtores como a Líbia enfrentam problemas de abastecimento.

Contratos futuros

Os contratos futuros em Nova York subiram mais de US$ 24 na semana passada, o maior aumento semanal já registrado. O Brent negociou em sua maior faixa de oscilação desde o lançamento do contrato futuro em 1988 - eclipsando as fortes oscilações da crise financeira de 2008 e quando a demanda despencou na pandemia de coronavírus.

Os preços podem subir ainda mais depois de ultrapassar US$ 118 o barril na sexta-feira.

“Acho que ainda não precificamos tudo”, disse Mike Muller, chefe da Vitol na Ásia, no domingo, em um podcast produzido pela consultora e editora Gulf Intelligence, com sede em Dubai. “Temos muitas reviravoltas por vir.”

O JPMorgan Chase & Co. (JPM) disse que o petróleo Brent de referência global pode terminar o ano em US$ 185 o barril se a oferta russa continuar a ser interrompida, e alguns fundos de hedge estão de olho em um patamar de US$ 200. O Goldman Sachs Group Inc. (GS) disse que sem barris russos no mercado, o petróleo pode chegar a US$ 150 nos próximos três meses.

Petróleo da Líbia

A produção de petróleo da Líbia caiu após uma crise política inviabilizar o setor do pais membro da OPEP. A produção no país, que possui as maiores reservas de petróleo da África, caiu para 920 mil barris por dia, disse o ministro do Petróleo, Mohamed Oun, em resposta a uma consulta da Bloomberg News. Ele ficou em cerca de 1,2 milhão de barris na quarta-feira.

Os mercados também estão acompanhando de perto as negociações entre o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica, que deu um passo à frente no fim de semana. Embora isso possa abrir caminho para o retorno do petróleo do país aos mercados globais até o terceiro trimestre deste ano, um acordo final ainda não foi garantido.

Em outros segmentos, o cartel da OPEP+ até agora resistiu aos pedidos de importadores, incluindo os EUA, por aumentos de produção mais rápidos. O grupo de 23 países, liderado pela Arábia Saudita e Rússia, está aumentando a produção apenas gradualmente após cortes históricos no início da pandemia. Isso pode mudar se os preços continuarem subindo, de acordo com a Vitol.

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