Bloomberg Línea — O ataque da Rússia à maior usina nuclear da Europa na noite de ontem serviu como catalisador para a alta dos preços das commodities agrícolas na bolsa de Chicago, especialmente o trigo.
Os preços do cereal abriram o pregão de hoje já no limite de alta determinado pela bolsa e lá permanecem até o momento. Os negócios foram temporariamente suspensos e o contrato com vencimento em maio está cotado a US$ 12,09 por bushel, com alta de 6,61% sobre o fechamento de ontem. Em uma semana, o ganho acumulado para o cereal é de 40,62%.
A incerteza sobre o futuro da Rússia como grande fornecedora global de trigo ainda domina as discussões no mercado. O país responde, sozinho, por 10% da produção mundial do cereal e por praticamente 17% do comércio internacional. Efetivamente, um em cada dez quilos de trigo é produzido em solo russo e a cada seis quilos vendido no mundo, um é embarcado a partir da Rússia.
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Com o isolamento do país por conta das sanções internacionais, ainda não se sabe quem será capaz de substituir o fornecimento da Rússia, considerando a atual demanda global de trigo. Sem uma resposta, a reação se mostra nos preços.
Na esteira do trigo, os preços do milho seguem na trajetória de alta. O contrato para maio era negociado há pouco a US$ 7,72 por bushel, com valorização de 3,28% sobre o fechamento do dia anterior. Nesse caso, a preocupação do mercado segue sendo o potencial da Ucrânia em manter sua produção. Sexto maior produtor e terceiro maior exportador mundial de milho, o país provavelmente terá dificuldade de produzir os volumes esperados e, principalmente, exportar, uma vez que a logística para o escoamento até os portos está bastante prejudicada.
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No caso da soja, os preços em Chicago registravam alta de 0,87%, com om vencimento maio cotado a US$ 16,82 por bushel. A demanda da China pela soja americana ainda dá sustentação aos preços na bolsa americana. Aliado a esse fator, as preocupações sobre o clima ainda se mantêm sobre o Brasil. Na próxima semana, tanto o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) quanto a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) atualizam suas projeções para a produção brasileira e a expectativa é que novos cortes sejam realizados.