Saraiva acha comprador para loja do shopping Ibirapuera; ação dispara

Em recuperação judicial desde 2018, rede de livrarias vai tentar pela segunda vez vender ativos para pagar credores

Loja da Saraiva em shopping: últimas unidades foram fechadas enquanto a rede de livrarias passa pelo processo de recuperação judicial
04 de Março, 2022 | 06:03 PM

São Paulo — O grupo Saraiva (SLED3), que foi a maior rede de livrarias do Brasil, encontrou interessado em arrematar a loja do shopping Ibirapuera, em São Paulo, e os direitos creditórios. O grupo Travessia, que estrutura operações no mercado de capitais, apresentou proposta pelo ativo, informou a companhia em recuperação judicial, nesta sexta-feira (4). Na B3, as ações reagiram ao comunicado e dispararam mais de 8%.

Na próxima segunda-feira (7), haverá uma nova reunião dos credores para votar a nova versão do plano de recuperação judicial, que prevê medidas para reestruturação de suas dívidas e geração de caixa para a continuidade de suas atividades, como a realização do leilão para a loja do shopping Ibirapuera.

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Será a segunda tentativa de vender ativos da Saraiva. O primeiro plano se pautava na concretização da venda de lojas e site, mas não houve interessados. Caso não seja vendido, como ocorreu no primeiro leilão, a Saraiva poderá, durante um ano, realizar novas tentativas, a cada 30 dias úteis. O valor mínimo da venda foi fixado em R$ 27.251.900. O leilão tem de ser realizado no prazo de até 60 dias após a homologação do segundo plano aditivo.

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Segundo o documento apresentado pela Saraiva aos credores, os recursos obtidos com a venda da loja vão pagar prioritariamente os credores titulares de eventuais garantias sobre os bens que integram essa loja, sendo que o eventual valor remanescente terá de ser utilizado para a recomposição de capital de giro ou realização de investimentos.

Veja mais: Saraiva revê plano de recuperação judicial com dívida de R$ 271,5 mi

Outro ponto da nova versão do plano da Saraiva é a venda de direitos creditórios, reunidos em uma UPI (unidade produtiva isolada). Os recursos obtidos com a venda dessa unidade serão destinados à recomposição de capital de giro ou investimentos. O plano traz ainda como será o pagamento dos credores, dependendo da classe.

A Saraiva está em recuperação judicial desde 2018. Em 2021, a companhia fechou o ano com uma dívida de R$ 271,5 milhões, patrimônio negativo de R$ 560,7 milhões e um prejuízo de R$ 15,7 milhões. A companhia culpou a crise econômica que castigou o setor nos últimos anos.

Interessado nos ativos da Saraiva, o grupo Travessia tem como sócios Camila Oliveira, Vinicius Stop e Luis Passos. Os dois últimos tiveram passagem pelo Itaú-Unibanco. Passo teve experiência de seis anos na tesouraria e controladoria do Itaú-Unibanco e coordenação da área de gestão do grupo Gaia Securitizadora, enquanto Stopa foi sócio do grupo Gaia, onde foi diretor de relações com investidores. Oliveira trabalho em controles financeiros em empresas como Kronberg e ThyssenKrupp Elevadores.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.