Bloomberg — Os bancos já tiveram 30 dias extras determinados pelo governo do Reino Unido para cortar os laços com o VTB Bank da Rússia. E agora estão pedindo mais.
Executivos de finanças pediram novamente mais tempo para encerrar acordos legais com o VTB para evitarem ser acometidos por um impacto financeiro ou potencialmente deixar alguns fundos congelados, segundo pessoas informadas sobre as discussões. Muitas empresas têm contratos de derivativos com o VTB que exigem aviso prévio de 30 dias – pouco mais do que o tempo que governos permitiram para encerrar negócios com o banco, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas por descreverem conversas privadas.
As disputas sobre o VTB estão entre as muitas questões complexas com as quais as empresas internacionais estão lidando enquanto se apressam para cumprir a lista ainda crescente de sanções impostas às finanças da Rússia pelo Reino Unido, União Europeia e Estados Unidos. No mundo bancário, houve um foco no VTB devido ao seu tamanho como o segundo maior banco da Rússia e maior presença em bancos corporativos e de investimento do que seus pares.
“Todas as negociações de derivativos nos quais as pessoas têm obrigações de curto e longo prazo ficam complicadas. Nenhuma dessas regras foi elaborada considerando essas transações”, disse Barney Reynolds, chefe global do grupo da indústria de serviços financeiros do escritório de advocacia Shearman & Sterling, que falou de maneira geral sobre os desafios de desfazer contratos financeiros.
“Decidir o que se pode ou não fazer é muito difícil. É complicado e podem ocorrer perdas significativas”.
O VTB enfrenta sanções rigorosas dos EUA e do Reino Unido, pois esses países buscam isolar financeiramente a Rússia por meio de sanções cada vez mais intensas. Os embaixadores da União Europeia concordaram esta semana em excluir o VTB e seis outros bancos do sistema SWIFT.
O governo do Reino Unido causou consternação na cidade de Londres na última quinta-feira (3), quando anunciou o congelamento imediato dos ativos do VTB. Após alertas de que a medida pode impedir que funcionários do Reino Unido que trabalham para empresas russas que operam pelo VTB recebam seus salários, o governo disse na sexta-feira (4) que as empresas podem ter 30 dias para cortar os laços com o VTB.
Mas o momento da mudança dificultou para os bancos e fundos de hedge agirem imediatamente para rescindir seus contratos, segundo pessoas envolvidas na situação. Isso levou a pedidos para que mais alguns dias fossem adicionados ao período de carência.
O problema centra-se no fato de que o VTB tem contratos baseados em um modelo que remonta a um acordo de 30 anos atrás, o chamado Contrato Principal de 1992 estabelecido pela Associação Internacional de Derivativos e Swaps. Embora alguns acordos legais que sustentam derivativos e outras transações tenham prazos de rescisão mais curtos, muitos dos contratos do VTB exigem aviso prévio de 30 dias, segundo vários banqueiros de outras empresas.
Os detalhes legais só ficaram em foco quando os banqueiros decidiram sair dos acordos para cumprir as ordens da semana passada, disseram essas pessoas. Ter de encerrar os acordos mais cedo que o esperado pode acarretar termos pouco vantajosos para os bancos.
Outros países
Os bancos também estão pedindo extensões semelhantes em outros países, de acordo com Justine Walker, chefe global de sanções, conformidade e risco da Associação de Especialistas Certificados em Prevenção à Lavagem de Dinheiro.
“Sabemos que o setor bancário solicitou que as autoridades competentes confirmem que estenderão a licença em 7 dias, se possível, e considerarão esses períodos de carência de 30 dias se e quando futuras licenças forem emitidas nesse sentido”, disse ela.
O VTB não comentou. O Tesouro não quis comentar. Uma opção é o governo conceder aos bancos uma licença especial para ampliar o prazo de liquidação de seus contratos com o VTB, disse um especialista do setor.
Charlie Netherton, chefe de serviços de consultoria e estratégia da empresa de serviços profissionais Marsh, disse que as perguntas sobre como extrair dinheiro de empresas russas são comuns entre os investidores. “As empresas estão perguntando o que estão preparadas para perder. Elas estão passando por algumas dificuldades e tomando decisões difíceis”.
--Com a colaboração de William Shaw e Joe Mayes.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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