Tenho ações russas na minha carteira, e agora?

Ativos do país mais extenso do mundo tiveram quedas fenomenais nos últimos dias devido à invasão da Ucrânia

Confira como proteger seus investimentos
02 de Março, 2022 | 07:33 PM

Bloomberg Línea — Os ataques da Rússia à Ucrânia geraram um choque no mercado de ações que atingiu os mercados de ações do mundo, mas que impactou especialmente Moscou, onde o índice RTSI caiu 39,44% apenas no dia 24 de fevereiro. Da mesma forma, os ETFs com papéis russos despencaram acima de 10% e a empresa de gás Gazprom derrapou mais de 32%.

Agora o que um investidor com uma posição em ativos russos deve fazer nesta situação? Aceitar a perda? Esperar uma recuperação? A Bloomberg Línea conversou com quatro analistas de mercado que opinaram sobre o assunto.

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Conheça o perfil de risco

O analista Javier Timerman, sócio da Adcap Grupo Financiero e com três décadas de experiência em Wall Street, garantiu que a chave é o perfil de risco do investidor e sua capacidade financeira.

E ele desenvolveu: “Toda vez que há um conflito geopolítico, os mercados caem e se recuperam. Em algum momento voltam ao equilíbrio. A questão é que é impossível saber quando isso vai acontecer, então depende muito de seu apetite ao risco. O investidor deve conhecer sua tolerância para conviver com essas circunstâncias”.

Quando se trata de segmentação, Timerman explicou: “Se você tem 80 anos, tem um patrimônio razoável e quer deixar algo para seus filhos, não é adequado adquirir ou manter ativos russos. Mas para uma pessoa com alto patrimônio e capacidade de esperar, esses são tempos interessantes para adquirir e manter esses ativos”.

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O analista mencionou o que aconteceu em 1998, quando uma Rússia em plena crise deixou de pagar a antiga dívida em dólar da antiga União Soviética. “O título da dívida caiu para 3 ou 4 dólares e depois subiu para 130 dólares, mas tivemos que esperar alguns anos. Todos são movimentos de entrada, mas dependem da capacidade de risco”, esclareceu.

Por outro lado, Timerman alertou: “Existem muitos ETFs alavancados, então você está comprando ou vendendo mais do que tem. Posições alavancadas em um cenário tão arriscado podem ser problemáticas, porque os mercados podem chegar a extremos e a volatilidade aumentará, o que pode significar mais garantias para defender as posições. É necessário desalavancar o portfólio”.

Em que momento da guerra estamos?

“Tudo depende de qual é o horizonte do investidor e qual estratégia está sendo seguida”, disse Diego Ferro, que preside o fundo M2M Capital em Wall Street. Ferro expandiu: “Do ponto de vista disciplinar, se conseguir tolerar uma perda de 10% ou 15%, é conveniente continuar com essa ação. Embora alguém mais prudente a venda, pois o alcance da guerra ainda não é conhecido”.

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Também acrescentou: “A Rússia tem uma situação econômica muito boa e isso não deve afetar sua economia, embora afete os preços dos ativos por razões óbvias”.

Questionado se a queda dos preços pode significar uma porta de entrada para investidores com alguma tolerância ao risco, Ferro advertiu que “tudo parece indicar que estamos no início da guerra”.

Por fim, concluiu: “A Rússia é muito barata e, a médio prazo, pode ser um dos melhores ativos emergentes para investir: tem muito pouca dívida sobre o PIB e o preço de suas commodities vem subindo. Mas até que todas as sanções sejam impostas, eu não compraria ativos”.

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Distancie-se

O analista dinamarquês Ole Hansen, chefe de estratégia de commodities do Saxo Bank, afirmou à Bloomberg Línea: “pelo que vimos até agora, é melhor se distanciar do mercado de valores russo e buscar refúgio em dólares e ouro. Várias empresas de mineração e produção de petróleo e gás entraram em colapso, mesmo com o preço de seus produtos aumentando.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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Juan Pablo Álvarez

Biopic: Licenciado en Periodismo en la Universidad Nacional de Lomas de Zamora, con posgrado en Periodismo de Investigación en la Universidad Del Salvador. Especializado en finanzas. Trabajó en Diario Perfil, Ámbito Financiero y El Cronista