Por que apenas BRF e M.Dias Branco caem entre ações do agro?

Uma depende do trigo, que está com o preço em alta, outra vende frango e suínos para a Rússia, que pode ter dificuldades em financiar novas compras

BRF e M.Dias Branco operam em queda em meio a dia de otimismo no mercado
02 de Março, 2022 | 03:27 PM

Bloomberg Línea — No retorno do Carnaval, apenas BRF (BRFS3) e M.Dias Branco (MDIA3) caem entre as ações ligadas às cadeias do agronegócio. Os demais papéis acompanham a alta do Ibovespa e também das bolsas internacionais, que operam em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia e da possibilidade do banco central americano elevar novamente os juros para tentar controlar a inflação.

Em meio ao bom-humor do mercado, por que as ações das duas empresas operam em queda? A resposta está na guerra do outro lado do oceano. Os papéis da M.Dias Branco estão mais expostos às oscilações do trigo no mercado internacional. O cereal acumula uma alta semanal de quase 30% e opera hoje acima dos US$ 11 por bushel, o que significa pouco mais de US$ 400 por tonelada. Por outro lado, a Camil (CAML3) tem uma exposição ao trigo menor e também uma operação mais diversificada, como café, açúcar, feijão e outros produtos, que não apenas as massas outros derivados do trigo.

No caso da BRF, o olhar do mercado está sobre as exportações de suínos, mas, principalmente, de frango. Nos últimos anos, a Rússia buscou a autossuficiência na produção das duas proteínas. Conseguiu avançar bastante em suínos, reduzindo bastante suas importações, mas, nem tanto em frango. Com isso, os russos ainda compram muito frango no mercado internacional. Só no ano passado, importaram 105,9 mil toneladas do Brasil, volume que representou um crescimento de 26% em comparação a 2020. Por outro lado, JBS (JBSS3) tem uma atuação mais diversificada, atuanão não apenas em aves e suínos, mas também com bovinos.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.