Maior exchange de criptomoedas diz que bloquear contas é ‘antiético’

CEO da Binance recusou-se a congelar contas de civis russos que buscam contornar as sanções econômicas aos bancos do país

Já que outras gigantes não bloquearam russos em suas plataformas, exchanges preferiram se abster
Por Emily Nicolle
02 de Março, 2022 | 10:58 AM
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Bloomberg — Os russos que buscam maneiras de contornar as sanções financeiras ao país não constituem um “problema específico para o mundo das criptomoedas”, disse o CEO da Binance, refutando pedidos para restringir todos os civis russos de usar a maior exchange de criptomoedas do mundo.

Changpeng Zhao disse que a Binance cumpriu os mandatos internacionais para restringir os indivíduos sancionados, mas que expandir o bloqueio ainda mais seria “antiético”. A indústria de criptomoedas segue as “mesmas regras” dos bancos, disse.

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“A Binance segue rigorosamente as regras de sanções. Quem estiver na lista de sanções não poderá usar nossa plataforma; quem não estiver nessa lista, poderá”, disse Zhao à Bloomberg TV em entrevista na quarta-feira (2).

As exchanges de criptomoedas estão sob intenso escrutínio desde a invasão da Ucrânia pela Rússia devido a seu potencial como canais financeiros para os russos que buscam um lugar para negociar ativos. Mas outras grandes exchanges, como Kraken e Coinbase (COIN), também se recusaram a bloquear russos não afetados pelas sanções.

Veja mais: As exchanges cripto vão cumprir as sanções contra os bilionários da Rússia?

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O bilionário disse que passa a maior parte do tempo em Dubai e acrescentou que a Binance registrou uma sede corporativa, mas se recusou a revelar o local, já que ainda deve fazer um anúncio oficial.

A indústria de câmbio de criptomoedas é amplamente não regulamentada, embora as autoridades dos Estados Unidos e da União Europeia estejam pressionando pelo escrutínio à medida que a Rússia intensifica seu ataque à Ucrânia. Zhao disse que a Binance realiza verificações completas de usuários para garantir que endereços sancionados não possam fazer transações em sua plataforma.

“Não é nossa decisão congelar as contas dos usuários. O Facebook (FB) não baniu os usuários russos. O Google (GOOGL) não bloqueou a Rússia. Os EUA não fez isso”, disse Zhao. “Além disso, do ponto de vista ético, muitos russos não apoiam a guerra, então devemos separar os políticos das pessoas comuns”.

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--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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