Breakfast

Gosto amargo na Quarta-Feira de Cinzas

Também no Breakfast: Preocupação com guerra, inflação e juros traz volatilidade aos mercados; OPEP+ deve concordar com outro aumento de oferta e Do McDonald’s à PepsiCo: sanções à Rússia podem atingir marcas dos EUA

02 de Março, 2022 | 07:19 AM
Tempo de leitura: 7 minutos

Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Na volta do feriado de Carnaval, os mercados brasileiros retomam os negócios nesta Quarta-feira de Cinzas com o petróleo acima de US$ 100, as commodities em nível recorde e os investidores amargando fortes perdas após dias de alta tensão no exterior com a guerra na Ucrânia.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse ontem que o país e seus aliados estavam preparados para a invasão da Ucrânia pela Rússia e que os “ditadores” devem pagar um preço por sua agressão.”A guerra do presidente russo Vladimir Putin foi premeditada e não provocada”, afirmou ontem em discurso discurso sobre o Estado da União, defendendo os esforços do Ocidente para paralisar a economia russa com sanções, além de fornecimento de armas aos militares da Ucrânia.

Biden também anunciou que os EUA estão fechando seu espaço aéreo para as companhias aéreas russas, seguindo o exemplo de mais de uma dezena de países europeus.

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A Rússia afirmou que seguirá em frente com a invasão até que seus objetivos sejam alcançados.

🔴 Êxodo massivo

Até 4 milhões de pessoas podem buscar refúgio em outros países nas próximas semanas, segundo Filippo Grandi, alto comissário da ONU para Refugiados. Até o momento, 677 mil pessoas deixaram o país em direção a Hungria, Polônia, Romênia e Eslováquia, entre outros países. “Trabalho em crises de refugiados há quase 40 anos e raramente vi um êxodo de pessoas tão incrivelmente rápido”, disse Grandi.Acompanhe as últimas atualizações sobre a invasão da Rússia à UcrâniaLeia também:Mais de 100 brasileiros deixaram a Ucrânia, diz ItamaratyCommodities: Por que Rússia e Ucrânia mexem tanto com os preços?

Com aumento dos ataques russos, previsão é de que 4 milhões de ucranianos busquem refúgio em outros países (Foto: Akos Stiller/Bloomberg)

Na trilha dos Mercados

Os mercados financeiros operam à deriva. As cotações, bastante voláteis, refletem as preocupações em torno da invasão da Rússia à Ucrânia, da disparada dos preços do petróleo, da inflação galopante e do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed).

🔴 A guerra se intensifica

O Ministério da Defesa da Rússia disse hoje que suas forças haviam tomado a cidade portuária de Kherson, segundo a Interfax. O governo de Kiev não confirmou a informação, mas disse, durante a noite, que as tropas se moviam em direção à cidade ao sul da Ucrânia.

A Rússia avisou que avançaria com suas forças militares até lograr seus objetivos. A guerra entra em uma fase mais brutal. Na segunda maior cidade do país, Kharkiv, o prefeito relatou o borbadeio a áreas residenciais, enquanto o ministro das Relações Exteriores da China advertiu que Pequim está “extremamente preocupado” com os danos aos civis.

📈 Petróleo e inflação

O petróleo continua com o seu incansável rali. O barril tipo WTI já supera os US$ 110, a cotação mais alta desde 2013, uma reação à ameaça de interrupção do abastecimento russo, um grande player das commodities energéticas. Hoje a OPEP+ tem encontro marcado. A Agência Internacional de Energia alertou que a segurança energética global está sob ameaça após os ataques russos à Ucrânia.

A escalada dos preços das commodities energéticas fortalece as preocupações em torno da inflação, já em níveis históricos. Hoje, a Europa conhecerá o comportamento dos preços ao consumidor no mês de fevereiro.

🏦 Com a palavra, o Fed

Entre hoje e amanhã, o presidente do Fed Jerome Powell testemunha perante os Comitês da Câmara e do Senado. As atenções estarão 100% voltadas a Powell porque todos querem saber como a guerra influenciará a magnitude de subida dos juros norte-americanos. Este será o último pronunciamento antes da próxima reunião de política monetária, dentro de duas semanas. Logo depois, na próxima semana, os representantes do Fed entrarão em período de silêncio, portanto estas opiniões serão algumas das últimas antes da reunião.

🟢 As bolsas europeias e os futuros de índices norte-americanos já oscilaram de menos a mais esta manhã.

Um panorama dos principais mercados

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,76%), S&P 500 (-1,55%), Nasdaq (-1,59%), Stoxx 600 (-2,37%), Ibovespa (bolsa fechada por feriado)

Em meio às tensões geradas pela guerra, as bolsas norte-americanas iniciaram o mês de março com perdas. O pico nos preços das commodities renovou as preocupações com a inflação e os próximos passos a serem dados pelo Federal Reserve, que deverá aumentar as taxas de juros em sua reunião de março.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Europa: Zona do Euro (IPC flash/Fev); Alemanha e Espanha (Taxa de desemprego/Fev); Reino Unido (Índice Nationwide de Preços dos Imóveis)

• EUA: Empregos Privados ADP/Fev; o Federal Reserve divulga o seu Livro Bege, Pedidos de Hipotecas MBA (Semanal), Estoques de Petróleo Bruto, Reunião da OPEP, Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA

Ásia: Hong Kong e China (PMI Industrial e do Setor de Seviços/Fev)

Bancos Centrais: Decisão de política monetária do Banco do Canadá. Presidente do Fed Jerome Powell faz seu testemunho semestral ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Pronunciamentos de Charles Evans e James Bullard (Fed), Luis de Guindos, Philip Lane, Joachim Nagel (BCE) e Silvana Tenreyro (BoE)

• Na América Latina: Brasil (Boletim Focus, Fluxo Cambial Estrangeiro); México (Balanço Fiscal/Jan); Argentina (Receita Tributária)

📌 E para amanhã:

• Europa: Zona do Euro (Índice de Preços ao Produtor/Jan, Taxa de Desemprego)

• EUA: Pedidos semanais de seguro-desemprego, ISM de Serviços/Fev, Pedidos das Fábricas/Jan

• Japão: Taxa de Desemprego/Jan

• Bancos Centrais: Powell prossegue com seu testemunho semestral perante o Comitê Bancário do Senado. O BCE publica minuta da reunião de fevereiro. Pronunciamentos do governador Tiff Macklem, do Banco do Canadá, de John Williams (Fed)

Balanços: Broadcom, Costco, Merck

Destaques da Bloomberg Línea

Regulador financeiro de Hong Kong pressiona para reduzir quarentena

Mastercard e Visa bloqueiam algumas atividades russas após sanções

Opep+ deve concordar com outro aumento de oferta em meio a turbulências

Soja: Consultorias projetam safra ainda melhor no Brasil

Também é importante

Pelo menos três governadores americanos ordenaram a remoção de bebidas destiladas ou de marca russa das lojas

• Vodka russa sofre boicote global para punir Putin por guerra. Um boicote internacional à vodka russa está se formando dos EUA à Austrália, enquanto políticos e empresas sinalizam sua oposição à invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin, visando um dos produtos mais emblemáticos de seu país.

Lula se reúne na quarta com presidente AMLO no México. O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se encontrarão para o café da manhã na quarta-feira, embora não haja uma agenda formal para o encontro, disse o líder mexicano na terça-feira.

Adolescente que rastreou jato de Musk agora persegue magnatas russos. Depois de alcançar a fama na internet - e atrair a ira da pessoa mais rica do mundo - com sua conta viral no Twitter “Elon’s Jet”, Sweeney agora está rastreando os aviões de algumas das pessoas mais ricas da Rússia, à medida que estão sob crescente pressão internacional sobre a invasão do país na Ucrânia.

Aqui estão as organizações que cortaram laço com Rússia; veja lista. Com a guerra na Ucrânia, organizações esportivas e de entretenimento estão cortando cada vez mais os laços com a Rússia. Após a invasão de 24 de fevereiro, o Comitê Olímpico Internacional instou todas as organizações esportivas a mudar ou cancelar eventos na Rússia e na Belarus. Desde então, instituições culturais como a Motion Picture Association seguiram o exemplo.

Do McDonald’s à PepsiCo: sanções à Rússia podem atingir marcas dos EUA. Com os governos ocidentais aumentando as sanções contra a Rússia, os investidores estão tentando avaliar o impacto nas empresas americanas, incluindo algumas das maiores empresas de consumo dos Estados Unidos. A Rússia se tornou um grande mercado para empresas americanas - da Coca-Cola (KO) ao McDonald’s (MCD).

Opinião Bloomberg

IPO da Porsche quer seu dinheiro, não suas opiniões

Apresentando os esboços de uma proposta de listagem no mercado de ações da Porsche na semana passada, os executivos da controladora Volkswagen AG enfatizaram como a oferta pública inicial, provavelmente uma das maiores da Europa, “beneficia todas as partes interessadas”. No entanto, na Volkswagen, alguns stakeholders são mais importantes do que outros.

Pra não ficar de fora

Em sentido horário: verdadeira Anna Sorokin (no alto à esquerda), a atriz Julia Garner e a capa do processo

Imigrante russa com aspirações de pertencer à alta sociedade de Nova York, Anna Sorokin cresceu na Alemanha e viveu em Paris antes de chegar a Manhattan, em 2014. Usando o nome falso de Anna Delvey, ela levou no bico banqueiros, socialites e celebridades, pendurando contas e acumulando dívidas em hotéis, restaurantes, bancos e em uma operadora de jatos privados no valor de centenas de milhares de dólares.

🎥 Anna Delvey/Sorokin se tornou, ela própria, uma celebridade global, graças à série Inventing Anna (Inventando Anna), que se tornou um blockbuster da Netflix.

Escrita/produzida por Shonda Rhimes (Grey’s Anatomy e Scandal) e protagonizada pela americana Julia Garner (Ozark), a série tem estado no topo da lista dos mais assistidos nos mercados onde a Netflix atua.

Cada episódio começa com uma advertência irônica: “Esta história é completamente verdadeira. Exceto pelas partes que foram totalmente inventadas.”

Foi considerada culpada, por um júri do Estado de Nova York, por quatro acusações de crimes que equivalem, no ordenamento jurídico brasileiro, a estelionato e furto mediante fraude. Conseguiu ser absolvida em duas acusações formuladas pela Promotoria.

A Bloomberg Línea obteve acesso documentos públicos que integram os autos da condenação de Delvey/Sorokin na Justiça do Estado de Nova York, para separar o “completamente verdadeiro” do “totalmente inventado”.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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