Europa: gás sobe 60% com traders se afastando da Rússia

Invasão da Ucrânia pode manter preços elevados, afetando o abastecimento das reservas e prolongando crise energética

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Bloomberg — O gás natural europeu sobe até 60% à medida que os temores de oferta são agravados por traders que tentam evitar a exposição a um importante player do mercado.

Os futuros de referência subiram e bateram um recorde antes de cair um pouco. Os traders de gás e energia estão recuando de novos acordos com a unidade comercial da Gazprom, a estatal russa, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Há um risco adicional de que as empresas comecem a desfazer contratos anteriores ou que as câmaras de compensação decidam parar de fazer negócios com a empresa, liquidando suas posições.

A guerra elevou os preços das commodities – o petróleo Brent chegou a US$ 113 o barril nesta quarta-feira (2) – pois compradores, traders e transportadoras continuam cautelosos ao lidar com insumos russos. As interrupções no fornecimento de gás também podem decorrer de danos à infraestrutura na Ucrânia, mas o risco das sanções aplicadas à energia “continua sendo uma possibilidade real”, disse Kaushal Ramesh, analista sênior da Rystad Energy.

Por enquanto, o fornecimento russo continua – e chegou até a aumentar desde a invasão da Ucrânia na semana passada. As remessas que chegam ao principal ponto de entrada de Velke Kapusany na Eslováquia se recuperaram, chegando a níveis normais, e o gás fluiu para a Alemanha através do gasoduto Yamal-Europe, com mais capacidade reservada para a quarta-feira.

Os contratos futuros de gás no primeiro mês da Holanda subiram para mais de 194 euros por megawatt-hora, um recorde, e estavam 34% mais altos, chegando a 162,80 euros às 7h15 de Brasília. O contrato equivalente no Reino Unido subiu 33%.

A Europa depende da Rússia para obter cerca de um terço de seu gás, e qualquer interrupção pode manter os preços altos por mais tempo, dificultando o reabastecimento durante o verão e prolongando a crise de energia. Os governos da região buscam aumentar as importações de gás natural liquefeito, o que os coloca em concorrência com compradores asiáticos que também começam a reabastecer seus estoques a partir de março.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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